LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Quando entro em casa, o silêncio sufoca-me. É sempre assim, cada vez que me vejo privada dos meus filhos. Não sei porque ainda me admiro, porque ainda me dói tanto. Talvez porque eles, são a razão da minha vida, eles são o ar que respiro. Sem eles, sinto-me afogada entre a mágoa e a solidão. Na ausência dos meus filhos, sinto-me frágil e perdida. Inconscientemente, vêm à minha memória as suas palavras, és uma excelente mãe e uma mulher de coragem, e não consigo evitar um sorriso. Não te apegues Ana; digo para mim própria. Isto não passará de uma distração, de alguém que tal como tu, está sozinho e que precisa de companhia.
Dou a noite por terminada, e esqueço a roupa por lavar, as coisas por arrumar. Tomo um duche revigorante e quando me deito na minha cama, só quero que o tempo passe bem depressa e que domingo à noite venha rápido.
Acordo em sobressalto com o som do telemóvel a tocar. Tacteio a mesa-de-cabeceira para o alcançar, e por momentos acho que me esqueci de desligar o despertador semanal.
EM - AS NOSSAS ALMAS SOLITÁRIAS - C. GONÇALVES - IN-FINITA
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