quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

A cruz haitiana (excerto 3) - IARA LEMOS

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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A cor amarronzada do alimento, rodeado de moscas, não é bem o que uma novata em terras haitianas poderia esperar de um produto à venda. Porém, era o que tínhamos por lá. Nos dias que se seguiram, pude experimentar cada um daqueles alimentos com toda a calma que as refeições exigem. E confesso que, apesar de a aparência não ser nada apetitosa, o sabor do peixe seco não era de todo ruim. Dava até para fechar os olhos e imaginar ser bacalhau, de tão salgado que era e pelo processo semelhante ao que passava antes de ser consumido. Encontrei um método parecido da salga do peixe de Jérémie nas Islas Flotantes, em Puno, no Peru. O gosto do peixe em solo peruano também era similar ao dos haitianos.
Naquela primeira manhã, a exposição dos alimentos e o odor de óleo podre que impregnava as narinas era como um caminho preparatório para chegar até o que a freira, de facto, levava-me junto para comprar. No final de toda aquela fila de expositores, começava um outro agrupamento: o das responsáveis por produzir o pão. Era uma delas que procurávamos.

EM - A CRUZ HAITIANA - IARA LEMOS - IN-FINITA

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