LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Em Jérémie, cidade localizada a cerca de 280 quilómetros da capital do Haiti, Porto Príncipe, onde eu acordava naquela manhã quente de março, o sol penetra as peles negras e sem qualquer tipo de proteção como um chicote que flagela e deixa cicatrizes. Naquele dia, era eu quem acordava sob o açoite do sol.
“O café já está passado. Só falta pegar uns pães”, falou Adorema Dall’Ongaro para alguma das outras freiras que moravam na casa onde eu estava hospedada, embora enquanto despertava eu não soubesse identificar qual delas seria. Eram tantos ruídos externos a se misturarem com as vozes que vinham da cozinha que contribuíram para prejudicar uma melhor observação do local.
Recordo-me de ter permanecido por alguns minutos imóvel na cama, provocando meus sentidos a se abrirem ao novo mundo que me aguardava. Não demorou muito para que os ruídos das motocicletas invadissem os meus ouvidos sem pedir permissão. Foi ali que percebi que, embora o adiantado da hora, a vida em Jérémie já estava em movimento.
Tudo naquele local desconhecido começava muito cedo. Meu olfato percebeu logo a provocação, incitado pelo cheirinho de café recém-passado, que vinha dançando desde a cozinha, desviando das paredes até chegar ao meu nariz. Como foi bom acordar com aquele aroma que lembrava o aconchego do lar.
EM - A CRUZ HAITIANA - IARA LEMOS - IN-FINITA
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