segunda-feira, 11 de julho de 2022

A Vertigem dos poetas (excerto) - RUTH COLLAÇO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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E foi assim, ali, que finalmente percebeu o que os poetas queriam dizer quando falavam sobre vertigem e cantavam o doce e profundo mergulhar...
Na impossibilidade de se fazer ouvir, de poder pedir o que tanto queria receber, escolheu conter a voz, emudecer as palavras. Humedeceram-lhe os olhos, e logo outro par brilhou.
Numa intensa telepatia, mergulhou no seu olhar e foi tal a vertigem que por momentos jurou que o chão havia desaparecido. Evaporavam-se os sons que enchiam a sala e toda a luz que naquele olhar a atraía, inundou-lhe o peito com ondas de aperto e desaperto, uma inquietude escondia outrora adormecida na carne, acordava agora. Esticava-se e espreguiçava-se tentando alcança-lhe o pensamento.
Ele sentindo o manancial que dela se projetava, acolheu também ele a vertigem, convidou-a com uma onda de desejo.
Despiram-se do mundo e vestiram-se um do outro, descobrindo a profundeza de um mar nunca dantes encontrado.

EM - BEIJOS E CONTOS - RUTH COLLAÇO E HETERÓNIMOS - IN-FINITA

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