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Todas as religiões estão normalmente divididas entre liberais e fanáticos. Para os liberais, desde que os princípios morais, éticos sejam salvaguardados, está tudo bem. Deus é amor, e acaba por perdoar tudo. Não é bem assim, mas mais perigoso é o discurso fanático, que em algumas religiões leva pessoas a deixarem-se usar como bombas humanas em nome da sua fé. Para o fanático a vida começa e acaba na sua religião. Acordam a pensar em religião, trabalham a pensar em religião, comem a pensar em religião, falam só de religião, adormecem a pensar em religião. Sempre num registo diário de uma exigência paranoica de santidade pura, absoluta e plena. Abaixo disso somos todos pecadores miseráveis, uma desilusão permanente e total para Deus. Passam a vida a julgar-se a si próprios e aos outros, a criticar, e exigir sempre e cada vez mais de si próprios e dos outros, auto condenando-se e auto culpabilizando-se morbidamente, de uma forma masoquista e doentia.
EM - NINHO DE CUCOS - LUÍS VASCONCELOS - IN-FINITA
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