quinta-feira, 26 de maio de 2022

Em terra firme (excerto 4) - ANANDA LIMA

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Chorei por algum momento. Senti um afago de quem acolhe, acalenta. Permaneci ali naquela energia silenciosa por alguns minutos até que outras pessoas chegassem sem nada perceber. Realizei as atividades propostas e ao término, fiz o comunicado do que estava acontecendo. Percebi um certo susto, mas nem eu estava entendendo direito tudo o que estava acontecendo e, por isso sentia dificuldades de ser clara.
Nesse mesmo dia recebi a ligação de um médico amigo, trazendo orientações e palavras que me acompanharam em todo o percurso “Você não está sozinha!”– disse ele. O final de semana foi desafiador, pois tinha algumas atividades assumidas anteriormente, mas ao mesmo tempo, soava como oportunas para dialogar com as pessoas, cientificá-las da minha situação. Consegui conversar com os grupos envolvidos sem me emocionar e assim me afastar de algumas atividades.
Na segunda-feira, fui à escola conversar seriamente com meus alunos e falei a respeito da necessidade de me afastar. A partir daí, fui em busca de meios para a realização do tratamento. Com certa dificuldade, mas ainda conseguia me sentir em terra firme, ainda que sem muita noção do amanhã.
Hoje, refletindo com distância dos acontecimentos, percebo que inicialmente minha preocupação era com os outros, a família, os amigos, as atividades assumidas. Morrer não me afligia, mas pensar em deixar a família me preocupava bastante. Era uma sensação que tinha coisas a serem feitas, que as pessoas precisavam de mim. Fico refletindo se neste pensamento não havia um tom de prepotência da minha parte, no sentido de me sentir o eixo familiar.

EM - 2020 PARTINDO PARA ALTO MAR - ANANDA LIMA - IN-FINITA

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