segunda-feira, 16 de maio de 2022

A fraqueza que despi (excerto) - ANA MENDES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Sempre na postura de guerreira, combativa, mesmo de peixeira, revolucionária. A cada embate que a vida me dava, levantava a cabeça e depois o corpo, claro. Eram prendas que não pedia, mas a cada manhã as encontrava. Faziam fila à porta da minha vida. Guardando o silêncio, praticava a resistência.
Algumas tirava-lhes o embrulho e outras lançava-as fora tal e qual as encontrava. Por muito que fossem lindos os envelopes e enfeites, o meu instinto alertava-me. E com muita força e energia que me pedia esta seleção, eu não cedia...e sofria as consequências. Mas antes assim e de companhia guardava a minha mais profunda convicção.
Por vezes, fingia não sofrer das vinganças atentadas contra mim, ser pequenino e ainda frágil, mas engolia as vontades de gritar e de chorar. Fechava as comportas das águas quentes e salgadas que teimavam em me molhar. Sim também cedi a elas...em várias ocasiões, mas sempre em segredo e bem distante daqueles que as provocavam, que as acordavam daquele sono jamais profundo, mas sono mesmo assim. Talvez lhe chamem torpor...E insistia para que a minha vontade fosse respeitada, que a minha voz fosse ouvida, mas esquecia nessas horas algumas condições primordiais!

EM - PELO FIO DE ARIANA - ANA MENDES - IN-FINITA

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