segunda-feira, 28 de março de 2022

Meninos do bairro (excerto 2) - LUÍS VASCONCELOS

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No nosso bairro havia moradores que tinham fogões a lenha. Quando vinham as carradas lá estávamos nós prontinhos para ajudar “desinteressadamente”, claro, a arrumar as cavacas nas lojas que ficavam por baixo das casas. Quando era a vez da minha mãe, a motivação era redobrada, não só pelo enorme carinho e respeito que todos tinham por ela, mas também porque era a pessoa que mais generosamente nos recompensava! Aliás a minha mãe, afirmo-o orgulhosamente, era a moradora que, quando um pontapé na bola mal direcionado embatia com alguma violência na porta, ou então estilhaçava um vidro da janela, de uma casa qualquer, reagia com mais calma e paciência. Lá ia o Miga: “Dona Netinha, peço imensa desculpa. Não se preocupe nós temos uns trocos, vamos comprar-lhe o vidro, à “Vidreira”, e colocamos, está bem?”. A minha mãe, bondosamente sorria, afagava o cabelo dele e dizia; “Essas coisas acontecem. Eu sei que não o fizeram por mal. Eu dou-vos o dinheiro. Só agradecia que mo pusessem, está bem Miguel?”. Ela bem sabia que ser puto e brincar muito é a melhor coisa que levamos desta vida!

EM - NINHO DE CUCOS - LUÍS VASCONCELOS - IN-FINITA

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