A chegada do menino Jesus é festejada. Humildemente festejada. Não há poder para pompa. José e Maria, agora, só querem saber o que de melhor podem fazer para cumprir a missão que lhes foi delegada. Está ali o filho de Deus. Um ser, amado como filho, cortejado como representante do céu... Merecedor de zelo especial da parte dos pais. Nem a certeza de que se trata do filho de Deus permite a José e Maria arriscar um mínimo de descuido.
OS TRÊS REIS MAGOS: Doze dias já se passaram do nascimento do Messias. Os degradados moradores do galpão enviam, dia 6 de janeiro de 1984, três representantes para um contato com José e Maria. Todos estão ansiosos por informação sobre a criança recém-nascida. Não têm a menor ideia de que ali, naquele espaço tão pobre, tinha nascido o filho de Deus. É esse um momento de enorme emoção. Um dos agentes nomeados presenteia o menino Jesus com a sua camisa. Outro deixa o seu boné que: “vai ficar muito bem no garoto quando estiver crescido”. O terceiro tem 10 cruzeiros no bolso e resolve doar para que o casal tenha condições mínimas de sustento ao recém-chegado.
PENOSA PEREGRINAÇÃO: Rio de Janeiro, cidade maravilhosa, mas o filho de Deus tem que se virar. Sofre todo tipo de preconceito. É pobre. Não tem sobrenome. Não tem padrinho político. É um “João Ninguém”. Não dá carteiraço. Mesmo ciente de que é agente do céu na terra não se impõe. Pede esmola, carrega malas na estação rodoviária, faz breves espetáculos em semáforos... No mundo em que o colocaram ninguém sobrevive sem uma coisa que se chama “dinheiro”. Nem que seja pouco dinheiro é essencial para a subsistência. Sem um mínimo desse instrumento o sujeito morre de fome. Isto sem falar de que, no país onde está o Rio de Janeiro, até os ricos experimentam algum tipo de carência. Algum tipo de frustração. É verdade. A pessoa neste país chamado Brasil já nasce forte para suportar os deprimentes embates.
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