LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Quando o circo recolhia trupe e lona e partia da cidade nós já éramos acrobatas experientes. No quintal da casa dela tinha uma goiabeira grande e alta, como são as árvores que crescem sem podas e sem cuidados. Nosso número circense era uma mistura de equilíbrio, ginástica e nenhuma noção de perigo. Sempre mais ousada do que eu, ela subia mais alto, engatava o pé na forquilha do galho, se atirava de costas e ficava pendurada numa acrobacia sem rede e sem juízo.
As performances dela, certamente, eram mais perigosas do que as que assistíamos de olhos arregalados, empoleiradas nas arquibancadas precárias que circundavam o interior da lona. Sem rede e sem técnica, dávamos um trabalhão danado aos nossos anjos da guarda.
Passada a fase do circo, a brincadeira perdia a graça e fazíamos batizados de bonecas. Ela tinha muitas, de vários tamanhos. Eu não era muito fã de bonecas, mas batizado é outra coisa. Juntávamos alguns tijolos para fazer um fogão rústico e, com o fogo feito, uma lata de leite condensado servia de panelinha, cheia de arroz surripiado da cozinha. Começávamos a preparar o almoço. Assim que a água fervia, o arroz saía pelas bordas, caía no fogo e cheirava à queimado, o que atraía a atenção da mãe dela, que acabava com a brincadeira.
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