LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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“... apertou os olhos ao sentir aquele arrepio forte que lhe sacudiu o peito e busto, dando forma à memória que trazia no corpo. De momentos suados, em que se negam promessas e se descobrem segredos, dos cantos mais recônditos de cada sonho que se acalenta ao longo da vida.
Ali, sozinha, enrolada numa coberta, alucinou vê-lo chegar, cheio de frio, gola do casaco subida, mãos trémulas, mas não por sentirem frio... boca gelada, arfava serenamente, abrindo caminho para o beijo que já dela fluía.
Sabia muito bem que não seria dia de o ver, muito menos de o ter, mas o que faz quem ama quando não tem quem ama, senão sonhar, deixar que o pensamento rapte os sentidos e suba colina acima procurando o deslumbre de quem é esperado e desejado.
Livre era o seu querer, como o vento que lambe as montanhas e beija as frágeis flores primaveris. Vestia os minutos da espera com echarpes de seda que deixava que lhe deslizassem pelo corpo, suave e lento, paciente... era a saudade pronta para ser morta, entregue aos caprichos de quem chegaria...
Lá fora chovia... ele chegou e afogou-lhe o os sentidos ao chegar.
Perdidos na noite, uivava o vento e gemia o quarto...”
Estremeceu.
Apertou-se no aconchego da manta, abeirou-se da lareira, enquanto esperava, adormeceu.
EM - ECOS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA
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