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Não me lembro mais de nosso
primeiro encontro. Talvez desde sempre você já estivesse presente.
Ainda hoje vejo seu corpo articulado
e seus olhos que se abriam e fechavam parecendo responder ao meu afeto. Mesmo
quando um deles deixou de se abrir, permaneceu o meu encanto. Segurava você por
uma perna e assim, de ponta cabeça, você podia abrir os dois novamente.
Difícil foi quando de tanto te movimentar
de cima pra baixo e de baixo pra cima, suas pernas começaram a se deslocar
demais até saírem do corpo. Você permaneceu muito tempo sem pernas.
Não, não devia ser muito cômodo ser
assim maltratada. Mas, sabíamos as duas que essa era uma prova de amor; um
jeito de testar nossa resistência às intempéries dos encontros.
Sabe que nunca mais encontrei alguém
tão tolerante? Hoje sou eu que me viro de ponta cabeça pra tentar acertar os
meus olhos com os dos outros e, devo confessar, nem sempre consigo.
Foi pra você que fiz, com esmero, as
primeiras costuras improvisadas. Também nunca fui muito boa nisso, mas você não
se queixava do amontoado de tecidos com que eu ia cobrindo seu corpo, mesmo
quando a agulha e a tesoura espetavam mais do que o necessário.
E, quando aprendi a usar as
primeiras canetas! Você ganhou desenhos coloridos que ficaram impressos em sua
pele e resistiram aos banhos cheios de sabão que eu também ensaiava com... meu
primeiro bebe.
Era com você, também, que eu tentava
enfrentar meu medo do escuro. Deitada ao seu lado eu inventava aventuras, recontava
tudo que acontecia em nossas vidas e o que poderíamos fazer nos tempos futuros.
Você nem sabe mas, graças ao nosso
amor, desenvolvi um prazer imenso em contar histórias.
EM - VERSO & PROSA - COLECTÃNEA - IN-FINITA
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