Perco-me
nos sonhos, no sono que me abraça e ainda nem anoitece… Perco-me entre os
lençóis de linho, na carícia envolvente da camisa de cetim, nas histórias de
encantar, nos contos de arrepiar, no pio do mocho que se abriga no telhado do
velho moinho. Ouço o cavalgar dos cavalos a passar sobre a ponte que atravessa
o rio, onde me espreitas a banhar nos dias que o sol aquece. Há casas de xisto
com telhados de ardósia que me avivam um mar de memórias de menina. Nelas me perco e encontro sempre que as marés sobem ou
vagam, permitindo os vazios da Alma.
Sabes... Não adianta procurares o mar nos meus olhos
ou sorrisos nos lábios que já não te reconhecem...
Sentei-me na pedra fria
À espera que regressasses
A mesa posta
A cama feita
O coração preparado
Para aguentar a emoção
Dos dias em que te não via.
Há uma lua que espreita
Um luar que ilumina
As ruas por onde vou
Sigo procurando sonhos
Que perdi quando te foste
E a paz que me levaste
E que a mim não regressou
Presa a ti sempre fiquei
Todo o meu ser amarraste
À lágrima
À triste sina
Que contigo arrastaste
Deixando na minha alma
Uma profunda ferida.
Agora,
o sol, as ondas a rebentar na nudez do meu corpo, o colorido da esperança a
florir no meu peito, presunção do arco-íris a refletir no teu rosto.
Levantei o olhar… Fiz de nós dois aquela prece e gostei de te ver, ainda que a mim não viesses.
EM - VERSO & PROSA - COLECTÃNEA - IN-FINITA
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