Manhã de segunda-feira, Amélia Blanco, ou pura e simplesmente Mel, como tanto gosta de ser tratada e sempre a trataram, decide abrir a única caixa de papelão que ainda se mantém intacta desde que no início do ano que se mudou para o seu novo apartamento numa das sete colinas de Lisboa.
Esta segunda-feira não é somente mais um dia na vida de Mel, pois para além de festejar o seu 48º aniversário, também é o seu segundo dia de anos livre do tormento em que viveu os últimos 22, quase 23, anos da sua vida.
Mel sempre gostou de passar o dia do seu aniversário ao sabor dos seus desejos e vontades, isto é, sem grandes preocupações, o que durante esse longo período de tempo em que durou o casamento com Diamantino, não lhe foi possível, pois se houve algo que nunca lhe faltou durante esse mesmo tempo, foram preocupações e medos.
Durante toda a sua meninice, seu pai dizia-lhe para aproveitar o dia de anos para brincar e não se preocupar com nada mais. Depois, ao entrar para a escola, continuava a ser o pai, contra a vontade da mãe, quem a incentivava a fazer o que melhor lhe apetecesse, já que era o seu dia e só ela deveria ter o direito de escolher o que lhe apetecia fazer, talvez por influências do seu espirito rebelde, o qual o levara a ter de fugir da Espanha Franquista, ou da grande revolução que mudara a vida dos Portugueses, o 25 de Abril de 1974, ou seja, quando ela ainda nem completara os quatro anos de idade.
EM - DIÁRIO DE MEL - FRANCIS RAPOSO FERREIRA - IN-FINITA
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