LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
Um homem banhado em calma e meditação.
Quem o vê assim, pensa, falta um amor? Que nada, bêbado das belezas que o rodeiam. A música o alcança, trazendo com ela as pupilas verdes de Elisa, os lábios entreabertos num sorriso maroto capaz de despertar pecados mortais. Uma embriaguez o invade: vontade de cantar canções antigas, de dançar agarradinho, de recitar poemas ao pé do ouvido, tirando a poeira das rugas que hoje saltam aos olhos e coração. Passa a mão no rosto como a querer dissipar esse fiozinho de tristeza que o remete ao tempo que passou.
A morte é uma fêmea desalmada, tão brasileira e desgraçada que mata os rios, as matas, os animais.
Da varanda vira Elisa entrar no carro, os faróis se perderem entre tantos na avenida movimentada. As luzes coloridas e a lua a alcançam com as mãos. Não lembra muito. Lágrimas o desmontam.
EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (PROSA E CONTOS) - COLECTÂNEA - IN-FINITA
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