quinta-feira, 10 de junho de 2021

DEZ PERGUNTAS CONEXÕES ATLÂNTICAS... MANUEL A. RODRIGUES

Agradecemos ao autor MANUEL A. RODRIGUES pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - O que entrega de si, enquanto pessoa, na hora de escrever?

Quando escrevo, gosto de o fazer em solidão, dissocio-me da parte física e inicio uma viagem pelo meu ser emotivo e sentimentalista, travando solilóquios interiores com o meu EU.

Vivo e sinto, as emoções que me assolam no momento sobre os mais diversos temas, quer seja do amor, da amizade, da saudade, do mar, da natureza e sua beleza, quer seja do bom, ou do menos bom, vivido ou assistido, deixando depois fluir as palavras de fel ou de mel, que o coração extasiado ou entristecido, sente, e deixa transparecer.

2 - Criar textos é uma necessidade ou um passatempo?

Escrever para mim é mais uma necessidade, considerando que sinto uma obrigação interior de esvaziar de mim o “copo da inspiração” que me vai enchendo a mente. Sinto em mim, a necessidade de materializar na escrita os meus pensamentos e sentimentos, de determinado momento, querendo-os preservar pelo tempo.

3 - O que é mais importante na escrita, a espontaneidade ou o cuidado linguístico?

Penso que quer a espontaneidade e o cuidado linguístico, são de grande importância na escrita, no sentido em que a espontaneidade normalmente é sinónimo de genuinidade, mas em contrapartida, pode trazer consigo a falta de rigor linguístico, por não existir tempo de um cuidado prévio no escrever.

O cuidado linguístico, merece destaque primordial, sendo no meu ponto de vista, a pedra basilar para quem escreve, é através dele que se dá a quem lê, uma clara transmissão das mensagens que se pretendem dar a conhecer ao leitor.  Sendo que a forma como escrevemos é um factor identificador de quem escreve, estando nesse cuidado a marca de diferenciação das demais pessoas que escrevem.

4 - Em que género literário se sente mais confortável e porquê?

A poesia é sem dúvida a minha rainha na escrita, é por ela que maioritariamente deixo fluir de mim pensamentos e sentimentos, e é por ela que se me abre a torneira da inspiração, sem que exista maioritariamente pensamento prévio ou premeditação

5 - Que mensagens existem naquilo que escreve?

No que escrevo existe sempre uma mensagem dando a denotar a minha visão interior sobre tudo que a visão alcança ou o coração sente, estando subjacente o gosto pelas palavras, que apesar das agruras da vida, através da poesia podemos sentir-lhe o brilho e vê-la colorida.

6 - Quais as suas referências literárias?

Das minhas referências literárias posso citar algumas, tais como: Miguel Torga, Fernando Pessoa, Bocage, Florbela Espanca, António Aleixo entre outros.

7 - O que acredita ser essencial na divulgação de obras e autores?

O autor para poder ser divulgado, tem que em primeiro de tudo, sentir-se parte integrante interessada e motivada na sua obra, e no pretender dá-la a conhecimento.

Depois deve tentar viabilizar todos os meios possíveis, que poderão estar, ou vir a estar á sua disposição, e prontificar-se a trabalhar todas as oportunidades possíveis, quer individualmente, quer em trabalho conjunto, com pessoas ou entidades para esse efeito.

Deve escolher das opções possíveis, aquelas que lhe poderão melhor ajudar, na prévia preparação de todo o seu trabalho, quer nas diversas apresentações de divulgação pelos diversos meios para uma melhor e mais ampla divulgação.

8 - O que concretizou e o que ainda quer alcançar no universo da escrita?

No que concerne ao mundo da escrita na minha vida, ela já motivou a concretização de vários projectos literários, que nunca povoaram antes o meu pensamento, dos quais saliento:

Nunca pensei colocar a minha escrita em livro, o que antes ficava em rascunhos em papeis guardados no tempo, hoje esses rascunhos, viram a luz do dia e tornaram-se livros editados. Hoje praticamente já não existem rascunhos em mim guardados, o que penso e sinto, passo para a escrita, e essa escrita tento-a perdurar colocando-a em livros.

Escrevi dois livros dedicados á mulher mais importante da minha existência, aquela que me gerou, me criou, e acarinhou, minha Mãe. Escrevi três livros dedicados á minha aldeia onde nasci, cresci, e momentos inesquecíveis ali senti. Escrevi outros livros de temas mais generalistas, mas expressivos da minha forma de ser, de ver, e sentir o mundo à minha volta.

Organizei dois eventos de poesia, coordenei uma antologia, escrevi um prefácio, e elaborei a capa de um livro para um autor amigo.

O mundo da escrita, depois de entrar em mim, faz parte de mim e corre-me nas veias, levando-me a sentir necessidade dela, para me completar interiormente. Nesse sentido vão surgindo projectos mediante as criações de textos que vou criando. Há um projecto que brilha no meu pensamento já algum tempo, mas que tem ficado a marinar na espera de maior disponibilidade para o concretizar, que é o escrever e editar um livro em prosa, do qual já tenho uma estrutura de conteúdo delineada.

9 - Porque participa em trabalhos colectivos?

A minha participação em trabalhos colectivos, prende-se com a possibilidade de poder dar-me a conhecer enquanto autor, interagindo com outros autores.

Os trabalhos colectivos, são para mim uma partilha de diversidade de escrita, que podem proporcionar a união e uma melhor difusão da poesia e dos seus autores. A participação colectiva, alarga o conhecimento do mundo da escrita, podendo levar ao conhecimento da realização de outros eventos literários, onde se poderá participar, onde os autores têm a possibilidade de conhecer-se melhor como pessoas e como autores, trocando e assimilando conhecimentos, permitindo desta forma o enriquecimento literário pessoal

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

- O que seria da vida sem a Poesia?

- A vida sem poesia, por certo seria uma vida desprovida de sentimentos e de emoções, seria apenas a vivência de meros acontecimentos desfalcada de emotividade e da fantasia da beleza da vida. Seriamos meros figurantes neste teatro da vida, sem inspirações, sem ambições, sem importar os actos, seriamos actores com retalhos nos fatos. A vida seria um enorme vazio, não existiria o sorriso, não existiria o brilho no olhar, não existira a magia da vida, não existira o verbo amar.

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