terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Cangalha do Vento (excerto IX) - LUIZ EUDES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Ao longo desses anos José Paulo conseguiu descobrir que não há céu na terra. As coisas tornaram-se difíceis desde que os militares assumiram o governo. São Paulo não era mais um sonho, e não era o lar que ele gostaria de dar para o seu filho, que estava para nascer. São Paulo não era definitivamente um mar de esperanças, mas uma selva de pedras que a muitos subjugava. Agora estava decidido a voltar e a ideia de ter uma roça confortava-o, não tanto pelo valor daquele naco de terra, mas pelo fato de algo no Junco ser seu, além das lembranças que carregava consigo. É verdade que, desde que pegara um pau de arara cheio de ilusões, ninguém mais havia estado na Fazenda Baixa Funda. Conhecia a terra e nela trabalhou desde menino, na plantação de mandioca somou dinheiro suficiente para embarcar na busca do Eldorado. Agora regressaria à terra materna, aquela que conhecia realmente e isso era reconfortante. Pensava em tornar-se um pequeno comerciante. O dinheiro da indemnização dos anos trabalhados na empresa, desde aquele dia em que o cachorro comera sua marmita, dar-lhe-ia a possibilidade de viver em paz no Junco.

EM - CANGALHA DO VENTO - LUIZ EUDES - IN-FINITA

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