quinta-feira, 17 de setembro de 2020

DEZ PERGUNTAS CONEXÕES ATLÂNTICAS A... SUZANA D'EÇA


Agradecemos à autora SUZANA D'EÇA pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1. Como se define enquanto pessoa?

Em primeiro lugar sou um ser humano, uma mulher, uma mãe, uma filha, uma pessoa solidária que escreve com delícia e que ama a vida. A vida é um dom.
Depois sou tudo o que já fui: Criança; Jovem; Estudante; Viajante; Professora de História; Diretora Comercial e Relações Públicas; Coordenadora de Relações Públicas e Gestão de Eventos da TVI - Televisão Independente S.A; Aluna de Escrita Criativa e de Storytelling, e tudo aquilo que continuarei a ser:  uma profissional como Consultora de R.P./Cultura, uma autora, uma crente, uma pessoa positiva, empreendedora e sonhadora. Gosto de Acreditar!

2. Escrever é uma necessidade ou um passatempo?

Desde os primeiros anos do liceu. Devorava livros. Devo-o à minha fantástica Professora de Português, Irene Ferreira de Almeida, que me ensinou a voar, lendo.
Descobri que voava ainda mais escrevendo, porque voava nas asas da minha imaginação.
Escrever permite-me ser mais introspetiva e conhecer-me melhor, para poder conhecer melhor os outros e saber dar. É uma constante aprendizagem que nos obriga a crescer e ainda bem.
Mas também me está no sangue escrever, a escrita corre-me saudavelmente nas veias. O meu avô era um grande jornalista, escritor, poeta e mecenas das artes. Os meus tios e minha mãe têm grande sensibilidade artística e todos escrevem muito bem e têm obra feita. Assim sendo, desde cedo que me senti impelida a escrever. Escrever faz parte do meu corpo físico e é mais forte do que eu: A Escrever preencho de emoções, memórias e outras histórias, o papel imaculado tornando a folha de papel viva. E tal como a vida, o livro faz-se folha a folha.

3. O que é mais importante na escrita, a espontaneidade ou o cuidado linguístico?

Ambos são importantes, mas se é para escolher apenas uma palavra escolho espontaneidade.
No entanto volto sempre ao que espontaneamente escrevi.
Inspiro-me na vida e nas pessoas; nas minhas leituras. E inspirar-me na vida, é reviver as minhas amarguras, mas também a minha felicidade feita de bons momentos; o gosto pelo belo é também uma fonte de inspiração, assim como os meus leitores - minhas musas, sempre presentes. Depois, há sempre o depois: brota-me como uma cascata a imaginação e escrevo em torrente. Mais tarde volto, penso e amadureço a jovem escrita, até sentir luz.

4. Em que género literário se sente mais confortável e porquê?

Sinto-me à vontade em ambos os géneros literários: prosa e poesia. Embora a poesia me rasgue, pois surge sempre abruptamente e sou impelida a escrever, como referi anteriormente.
Surgir desta forma não quer dizer, obviamente, que seja crua. Muitas vezes é poesia suave de amor ou memórias ou sobre personagens inventados, outra vezes é mais introspetiva.

5. O que pretende transmitir com o que escreve?

Escrever preenche qualquer vazio que, por vezes, encontro em mim. Mas não escrevo para mim, pois quem escreve é para quem lê. Quem escreve dá um pouco de si e quem lê, leva esse pouco (ou muito …) de nós e interpreta. Cria-se uma simbiose entre autor e leitor e cada leitor é um novo amigo, é muito gratificante.

6. Quais as suas referências literárias?

Esta é difícil, pois não parava de escrever nomes. São tantos. Vamos lá, só a alguns: Eça de Queiroz, Luís Vaz de Camões, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Rosa Lobato Faria  sobretudo (poesia), Mário de Sá Carneiro, António Tabucchi, Gabriel Garcia Marquez, Marcus Vinícius de Moraes, Isabel Allendre, Ricardo Eliecer Neftalí Reyes Basoalto - conhecido popularmente como Pablo Neruda, Rainer Maria Rilke, Pedro Paixão, Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa - Agustina Bessa Luís, José Tolentino de Mendonça, Teresa de Saldanha, Sophia de Mello Breyner Andresen, Mario Vargas Llosa, Umberto Eco, Mia Couto, Marguerite Yourcenar, Orhan Pamuk, Lev Nikolayevich Tolstoi - Leon Tolstói, Fiódor Dostoiévsk, James Joyce, Thomas Mann, William Faulkner, Jung Chan, Somerset Maugham, Ernest Hemingway, Alain Absire, Carlos Ruiz Zafón. Ui, tenho de parar. Senão fica longa a lista e rasuram (riso).
Mas ainda tinha muitos “escritores preferidos” para colocar como por exemplo; Yvete Centeno, Alice Vieira, Joaquim Pessoa… Para além de todos aqueles autores de que também gosto muito e dos que simplesmente gosto, e de outros de quem uma das obras amei.

7. O que acredita ser essencial na divulgação de obras literárias?

Persistência, criatividade, uma vez que este questionário está ligado a um livro “Conexões Atlânticas”, direi que também é fundamental ter boas conexões, quer com proprietários de livrarias, quer com livreiros, quer com editoras, quer com os media.

8. O que ambiciona alcançar no universo da escrita?

Ah, curioso, não sei bem responder a esta questão… Gosto de escrever, isso é um facto. Gosto, quando apresento um livro, de ver a sala cheia. Dou valor à amizade. Mas não faço muito por ser uma autora famosa, confesso que não. Valorizo mais viver a vida que é um dom, sem me preocupar muito com o mediatismo do que escrevo. Se calhar faço mal… Vivo a vida e na vida cabem todas as outras paixões, construídas com o amor, com a amizade e com a imaginação. E no amor cabe a família, os amigos e o amor aos outros.
A vida vive-se apenas de uma maneira, um dia, uma hora, um minuto ou talvez mesmo um segundo, de cada vez. E nela cabem todos os retratos: o da felicidade, o da angústia, o do desespero, o da alegria, o da loucura, o da saudade, o da meditação e o da contemplação.
E estes estados cabem em todas as paisagens e em todos os rostos que os espelham, possíveis de serem contados se os intuirmos. A vida é feita de momentos e a felicidade também, e encontra-se por vezes nas coisas mais simples do nosso dia-a-dia. Só é necessário estar atento.
Quem sabe ainda a minha escrita traga outros frutos…

9. Porque participa em trabalhos colectivos?

Comecei por ter uma rubrica ao Domingo, num blogue familiar, onde todos me incentivavam a publicar. Daí aos concursos poéticos, tertúlias e publicações em coletâneas foi um pulo. Mas o verdadeiro salto foram os livros a solo, uma viagem vertiginosa da qual não quero regressar.
No entanto, é importante estar em contacto com outros autores, através da escrita, ter conhecimento e ler o que se escreve na atualidade no nosso país e pelo mundo fora e penso que escrever em coletâneas e antologias é uma boa forma de conhecer o trabalho literário dos outros e de divulgar o nosso. Ainda este ano vigente colaborei em quatro coletâneas, duas das quais ainda não saíram.

10. Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Para quando e quais novos projetos literários?
Não será a pergunta que mais gostaria que me fizessem, mas acho que é uma pergunta lógica para final de entrevista a um autor e a resposta aqui vai:
Quando for será com certeza um mergulho nos rios do Amor e da Amizade, os maiores valores de sempre. Nas perdas da vida estas riquezas tornam-se preciosas.
Mas para já quero-me concentrar no agora, tenho um livro infantil, recentemente escrito para divulgar ”Matilde, a Noite e João Pestana, no Reino do Animais Fantásticos”, na saga do primeiro livro Infantil “Matilde A Noite e a Lua”, ambos das edições Vieira da Silva.  Não descurando os livros de poesia ou prosa publicados. Não digo não a novas possibilidades. No entanto vivo um dia de cada vez, e cada dia é um desafio novo, onde a capacidade de amar deve ser mais forte do que o medo. É preciso acreditar.

1 comentário:

Toca a falar disso