sábado, 1 de agosto de 2020

Deixa que eu te falo sobre nós dois - CÁSSIA DE OLIVEIRA

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
Saibam mais do projecto Mulherio das Letras Portugal neste link
Conheçam a IN-FINITA neste link

Era verão em Nova York, os parques verdejantes as pessoas apressadas uns corriam para o trabalho, outros corriam por esporte. O certo é que todos andam apressados ali, de uma forma ou outra:
– “Que lugar agitado! reclamou, Helena.
Ela é assim, às vezes reclama, mas quase sempre anda de muito bom humor o fato é que ela estava ali à primeira vez, já que aceitou uma proposta de trabalho na embaixada brasileira.
Ela comprou um café nova-iorquino e sentiu-se num filme de Hollywood!
Estava feliz da vida apesar de ter deixado seu grande amor para trás por pura força das circunstâncias.
A saudade de Ernesto consumia Helena, ali sentada tomando o tal café que ela achou terrível, diga-se, de passagem acabou deixando rolar algumas lágrimas no banco do Central Park.
Ela conseguiu um apartamento, pequeno, mas aconchegante e aos poucos foi decorando ao seu gosto, passaram-se seis meses e a saudade do seu Ernesto só aumentou, não tinha distância suficiente que separasse os dois e diminuísse o tesão que sentiam um pelo outro, foi uma grande prova de fogo.
Entre choros, ligações e risos Helena insegura passou a sentir ciúmes de Ernesto, tanto que cogitou retornar ao Brasil, mas o seu trabalho na embaixada brasileira era o sonho de toda uma vida. E ele? ah, ele sempre a apoiou em tudo o que ela se propôs a fazer e era justamente isso que ela sentia falta.
Para matar um pouco as saudades os encontros quentes via Skype aconteciam todos os finais de semana e quando não acontecia ela ficava extremamente triste e frustrada. A conexão entre os dois era tão forte que mesmo de longe, ela sentia a hora que ele acordava e despertava junto, eles tinham os mesmos ideais, os mesmo gostos musicais e a mesma visão de mundo.
Almas conexas, tesão latente, assim são os dois.
Ernesto apesar de muito calado, também sentia falta do calor da sua pequena e quente Helena, sentia saudades da sua boca e do seu corpo voluptuoso, ele era tarado nela, desde o início da louca amizade entre os dois.
– “Ninguém vai entender a nossa amizade – dizia Helena.”.
– Não, concordava Ernesto.
Mas o fato é que a cada dia aumentava a vontade de se verem e conversarem um com o outro e a distância também era insuportável, para ele. Não aguentou, criou uma situação de trabalho e viajou de surpresa ao encontro dela: - “Saudades daquela boca, pensava ele”.
Pegou o primeiro vôo para Nova York numa terça-feira de fevereiro e a esperou na porta do seu apartamento, ao chegar, ela não conteve a emoção, pulou em seus braços e disse:
– “Tu tá aqui”?!
Ele responde: “- é uma miragem.”
E assim jogaram-se nos braços um do outro subiram e fizeram amor como nunca, preocupados em satisfazer um ao outro, num gozo mútuo inexplicável. Entre os dois tudo é intenso e quando o seu membro ereto entra nela os gemidos de prazer são incontroláveis.
E assim, foram dias de intenso amor e volúpia satisfazendo os seus corpos, gemendo de prazer, grudados, experimentando diversas formas de prazer, até que ele precisou voltar para casa e seus afazeres.
Helena, chora, mas eles sabem que por hora não podem ficar juntos, ele a incentivava, pois, sabia o potencial que ela tinha e quem nem mesmo ela tinha percebido ao longo da vida Severina que levava. Ernesto a protegia ao máximo e mesmo sendo uma pessoa calada e austera, sempre soube do seu jeito estar presente e demonstrar sua proteção à sua pequena.
Tudo parece perfeito quando estão juntos, mas a verdade é que a vida os impede de seguirem livremente com os seus sentimentos e desejos, a distância os atrapalha, a escassa oportunidade em se verem destroça Helena que só pensa em estar com o seu amor, esse amor que ela nunca imaginou sentir e essa conexão que ela nunca teve antes, a vida é injusta e separa os melhores amantes...
E assim, eles seguem esperando os momentos únicos a serem vividos, esforços de ambas as partes, os riscos calculados, mas que não ligam, se tudo o que querem é esgotar e viver a paixão que um tem pelo outro e não existe empecilho suficiente que afaste os seus corpos, mentes e corações.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (PROSA E CONTOS) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Sem comentários:

Enviar um comentário

Toca a falar disso