quarta-feira, 8 de julho de 2020

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL... NICOLETA PECELI


Agradecemos à autora NICOLETA PECELI pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Qual a sua percepção para essa pandemia mundial?

A pandemia poderá servir para abrir novos caminhos e novos destinos que ajudem a humanidade a consolidar a sua acção sobre este planeta que habita. O mundo precisava de parar, o mundo precisava de despertar. De repente, começamos a dar valor aos pequenos momentos da vida. De repente, os sonhos encontram-se no calor de um simples abraço e não na compra de um bem, ou de um objecto novo.
A pandemia não nos obrigou a ficar fechados em casa, ela obrigou-nos a olhar para dentro de nós próprios mostrando, de uma forma real, talvez um pouco rude, a miséria em que vivemos. Não só a miséria proveniente de condições económico-financeiras débeis, mas sim a que é gerada e acolhe as componentes mais negras do ser humano. Estamos nesta situação não por via de um mero acaso, mas sim, pela maldade e pelo egoísmo do ser humano. Resta saber se aprendemos a lição.

2 - Enquanto autora, esse momento afetou o seu processo produtivo? Em tempos de quarentena, está menos ou mais inspirada?

A minha actividade profissional não permitiu que parasse por muito tempo. Embora com um horário mais flexível, verdade é que o processo de organização do meu trabalho literário beneficiou um pouco desse factor.
Em tempos de quarentena consegui redescobrir-me de uma forma produtiva. Enquanto o mundo se “desmoronava”, à minha volta, fui encontrando algumas mensagens por detrás de vários acontecimentos. Sinto-me algo mais inspirada agora, neste período de pandemia.

3 - Quando isso passar, qual a lição que fica?

“Quando isso passar...” ... É muito difícil responder, perante esta crua e nova situação. Creio que temos de dar como adquirido que vai ser preciso conviver com o vírus e os seus efeitos e consequências durante longo tempo o que implicará, por certo, mudanças profundas nas nossas vidas. A conclusão a que deveremos chegar, a lição que deveremos aprender, deverá passar por darmos mais valor à vida na sua forma simples e pura, lembrando-nos que estamos neste planeta, numa curta viagem, numa breve passagem. Procurar perceber a nossa missão no mundo, a nossa essência no universo, e nunca deixar nada por dizer. 

4 - Os movimentos de integração da mulher influenciam no seu cotidiano?

Sim. Ajudam a fortalecer a nossa veia feminista. Um bom exemplo é, certamente, o projecto literário “Mulherio das Letras Portugal”, do qual me orgulho de fazer parte. Influencia de forma positiva o meu quotidiano, não só do ponto de vista linguístico, como na abertura de novos horizontes, contactos e amizades.

5 - Como você faz para divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?

Divulgo a minha escrita através das redes sociais, tanto na minha página pessoal, como na que criei e mantenho, página essa que tem o nome do meu primeiro livro.
Em programas e entrevistas nos órgãos de CS, nas coletâneas e em tertúlias com os meus pares.
Sim, recebo retorno, sobretudo pelas redes sociais e demais meios de comunicação, sendo frequentemente comentada e solicitada pelos leitores criando, por vezes, uma certa cumplicidade, uma certa ligação entre a escritora e o leitor.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?

Um dos pontos positivos é, certamente, a ascensão e afirmação da mulher nesse universo, depois das imensas dificuldades e conflitos - muitos permanecem até hoje - para poder ganhar a sua independência e um estatuto de igualdade face ao homem. 
Um dos pontos negativos poderá ser o reflexo da abordagem de temas mais ousados, de tabus ou de áreas e matérias usualmente pouco abordadas pelas mulheres.

7 - O que pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

Enquanto autora, pretendo chegar o mais perto possível da alma do leitor. Não acredito que a grandeza de um escritor esteja no número de obras publicadas, mas sim, na mensagem que tenta passar para o mundo.
Projecto de curto prazo (Setembro próximo): a ultimar os preparativos - revisão do texto, grafismo, etc - para o lançamento do terceiro livro da poesia, que trata um tema sensível e complexo: erotismo e sensualidade.
A longo prazo, certamente o grande projeto da minha vida, um romance já em processo de escrita há cerca de três anos.

8 - Quais os temas que gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em Portugal?

Sugiro a discriminação entre sexos, ao longo do tempo. A liberdade feminina sob todos os pontos de vista: a liberdade de expressão ou, simplesmente, a liberdade (e o direito) de viver. A mulher foi, e ainda é, apenas um objeto nas mãos de muitos homens.

9 - Sugira uma autora e um livro que lhe inspira ou influencia na escrita

Philippa Gregory; Duas Irmãs, Um Rei.

10 - Qual é a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Esta, por exemplo: o que sentes em relação a Portugal, tu que nasceste na Roménia?
Sinto um grande carinho. Tanto pelo país em si (as suas belezas, o mar, a natureza, os monumentos carregados de história), como pelas pessoas que me receberam de braços abertos, fraterna e calorosamente. Já sinto Portugal como se fosse a minha “segunda terra natal”, a minha segunda casa. Aqui resido, aqui trabalho, aqui consegui concretizar os meus sonhos, publicando os meus livros.


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