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Era uma vez uma linda e desconfiada menina chamada Maria José. Linda porque ela realmente uma criança fofa. Desconfiada porque sempre questionou as coisas desde cedo. E agora, Maria José começava a implicar com algo que ela não podia mudar: seu nome. Num belo dia, ela chegou para sua mãe com uma cara do tamanho de um trem e soltando fumaça igual a um de verdade: – Ô manhê, por que é que eu me chamo Maria José? Eu detesto esse nome! A mãe da menina, espantada, pergunta: - Filhinha, por que você agora não gosta do seu nome? O que aconteceu? A menina explica, indignada: – Lá na escola ficam perguntando se eu sou metade menino e metade menina, igual a sereia, que é peixe e mulher, ou o Minotauro, que é metade homem e metade cavalo. E às vezes ainda zombam de mim perguntando “quem veio hoje: Maria ou foi José?” Entendendo a indignaçâo da filha, a mãe tenta explicar com muita paciência. – Ah filhinha, deixa de bobagem. Seu nome é lindo! – Lindo? É feio, mamãe. Aliás, é horrível! Eu não quero mais esse nome. Nunca mais. Quero mudar...
Agora! – Mas filha, eu não acho. Seu nome é muito bonito sim. E você sabe o por quê dele? – Não, só sei que é feio... Por que não colocaram só Maria? – Você se chama Maria José porque eu quis fazer uma homenagem ao seu pai. -– Ué... Então o nome do papai era José? – Sim, filha. José era o nome do seu papai. E como o meu nome é Maria, tivemos a ideia de colocar o nome dele em você também. – E porque não tiveram um outro filho para ser o José? E aí seríamos Maria e José! A mãe, segurando o choro, tenta explicar. – Teria sido muito bom mesmo, filha. Mas não deu tempo: seu papai não se encontra mais entre nós. – Ah, mamãe. Eu não sabia. E onde ele está agora? – O papai tá no céu, filhinha - disse a mãe aos prantos. Ele foi morar com Deus pouco depois que você nasceu, quando ainda era muito pequenininha. – Puxa, que pena que não conheci o papai. - Sim, mas ele te conheceu, e ele olha por você todo dia lá do céu. E você tem que ficar feliz porque, afinal, o nome dele também está no seu nome. Que bonito, não é? A menina, mesmo ainda um pouco triste por lembrar do pai, pensou com carinho e mudou de ideia: – É verdade, mamãe. Mas o que eu faço para os meus coleguinhas não implicarem mais comigo? – É fácil, filha: quando chegar na escola, faça uma grande homenagem a todos os seus coleguinhas que tiverem nomes compostos. E converse com eles sobre o que o nome deles representa, e daí você vai ver que sempre essas pessoas têm nome composto porque foram batizadas assim para homenagear alguém muito amado. – É mesmo né mãe? Sabe... Agora eu realmente tô feliz por me chamar Maria José!
EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (PROSA E CONTOS) - COLECTÂNEA - IN-FINITA
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