quarta-feira, 24 de junho de 2020

As garras que me soltam... - AGNETE SOMBRA

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Me aquieto nas suas reentrâncias,
Como um alpinista, exploro e devoro,
Encontro comigo, adeus circunstâncias,
Renovo de enlace, adoro, me enamoro.

Vasculho, lhe quebro, descubro, lhe acho, me perco, percebo nos erros, acertos incertos, não sei. Sei bem que vivi, senti, repeti, encantos nos cantos tão bom de sugar.

Mistura de gostos, atiçando aromas e talvez paladar. Chega bem aqui, ponto frágil de acesso, precisando adentrar. Frações de momentos, soma de sentimentos, causando desdobramentos, tem que repensar.

O tempo repassa, talvez como asa, não pude pegar. E vai se movendo, eu não tomo tento e na orla do vento, eu vou lhe encontrar. Mas ainda não viu? Você que saiu, não quis lhe soltar. Eu sou o outro lado, não lhe ponho fardo, me come, consome, me esfola, me cola, é só se chegar.

Carcaça em vermelho, me encanta e reluz, na matiz de outras cores, no palpitar de desejos, mesmo em esforços, não me atrai, não seduz. Embalos de sonhos, vigio sem sono, me inclino a sentir, a luz emergir do fogo aceso, que resiste apagar.

Não seria sereia, aflorando sensualidades a flor das escamas. Mas talvez, na carona do tal caranguejo percebo gracejos, molejos, placebos. Não sou de metades, pedaços de partes, mas sou por inteira, asneira, tranqueira. Não só falo sério, mas ali, aqui e acolá, também sai besteira.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (PROSA E CONTOS) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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