quinta-feira, 21 de maio de 2020

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - MARIA DE FÁTIMA SOARES


Agradecemos à autora MARIA DE FÁTIMA SOARES pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Qual a sua percepção para essa pandemia mundial?

Nunca imaginámos que uma coisa destas fosse acontecer-nos. Tem sido muito duro ver o sofrimento de todos os países afectamos, mas muito belo ver a união e a resiliência dos que, na adversidade, se tornam um só.

2 - Enquanto autora, esse momento afetou o seu  processo produtivo? Em tempos de quarentena, está menos ou mais inspirada?

Confesso que tem interferido um pouco com a minha escrita e com algum desalento, que é normal acontecer-nos, mas que rapidamente se controla e tenta contrariar. Todos os dias escrevo, é uma disciplina que adoptei há muito. Logo, melhor ou menos bem, nunca parei de criar.

3 - Quando isso passar, qual a lição que ficou?

Uma grande humildade quanto à pequenez do Homem, perante “estas coisas” que só costumávamos ver, ou ler, em filmes e livros de ficção. E gratidão! Muita. Que todos possamos ser bem sucedidos a proteger-nos e aos nossos, cumprindo todas as regras para que unidos se vença esta doença. E sobretudo um infinita homenagem a todos que perderam a vida. Que nunca sejam esquecidos!

4 - Os movimentos de integração da mulher influenciam no seu cotidiano?

Sim! Sou, por hábito, bastante “combativa” e tento lutar contra a desigualdade em todos os planos. Qualquer segregação, seja da cor da pele, credo, género, orientação sexual, e outras, mexem muito com o meu sentido de liberdade e de que todos são iguais e devem ter os mesmos direitos.

5 - Como você faz para divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?

Não divulgado muito o meu trabalho. Devia ser muito mais activa em defender o que faço. Normalmente escrevo nos meus blogs. Partilho no Facebook, os meus livros, entrevistas e outros eventos onde já estive, mas… não sou muito “insistente”. Nada mesmo, nessa divulgação. Sei que faço mal, mas é o meu feitio e o gostar de estar mais reservada.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?

Atualmente, ainda existem muitas discriminações “contra” a mulher escritora, como contra a mulher, mais “mundana”. O universo livreiro e relacionado, ainda é liderado pelos homens e não é fácil “vingar” se não se for conhecido ou tiver uma boa “máquina” de divulgação por trás. Depois, há ainda temas que, se tratados por mulheres, são lidos tão frivolamente o com tanto preconceito e ignorância, que me revolta. O sexo, por exemplo. É (ainda) muito complicado escrever, sem ficar “conotado” com leviandade e receberem-se comentários indesejados. Ou convites, inimagináveis. Não devia acontecer.  Por outro lado, é bom verem-se cada vez mais mulheres a lutar pelos seus sonhos e não desistir, frente às adversidades.

7 - O que pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

Nada de importante. Gostaria que quem me lê, goste e que o sinta e recorde como algo bonito e tocante. Quanto a projectos, estou, por enquanto, em repouso. Lancei um livro de poesia o ano passado. Talvez surja outro, daqui a um tempo, em que toda esta situação, também esteja evidente. Se, de poesia, romance, ficção… ainda não sei.

8 - Quais os temas que gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das  Letras em Portugal?

Estou certa que são muitos e sempre interessantes e abrangentes os temas dos Encontros do Mulherio das Letras. Da “discussão” nasce a  luz. É da troca de ideias que vão sempre surgindo perguntas, debelando-se inquietações.

9 - Sugira uma autora e um livro que lhe inspira ou influencia na escrita.

Como Água para Chocolate, por exemplo., de Laura Esquível. Ou quase todos de Juliet Marillier. Na verdade há inúmeros livros e autoras, que me inspiram.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

A pergunta.
Acha que os/as autoras nacionais são devida e igualmente acarinhados?
A resposta.
Não! Há muita diferença no tratamento e divulgação de uns e total discriminação e desconhecimento, quanto ao trabalho (melhor ou igual) de outros.

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