Agradecemos à autora MARIA DE FÁTIMA SOARES pela disponibilidade em responder ao nosso questionário
1 - Qual a sua percepção para
essa pandemia mundial?
Nunca imaginámos que uma
coisa destas fosse acontecer-nos. Tem sido muito duro ver o sofrimento de todos
os países afectamos, mas muito belo ver a união e a resiliência dos que, na
adversidade, se tornam um só.
2 - Enquanto autora, esse
momento afetou o seu processo produtivo? Em tempos de quarentena, está
menos ou mais inspirada?
Confesso que tem interferido
um pouco com a minha escrita e com algum desalento, que é normal acontecer-nos,
mas que rapidamente se controla e tenta contrariar. Todos os dias escrevo, é
uma disciplina que adoptei há muito. Logo, melhor ou menos bem, nunca parei de
criar.
3 - Quando isso passar,
qual a lição que ficou?
Uma grande humildade quanto à
pequenez do Homem, perante “estas coisas” que só costumávamos ver, ou ler, em
filmes e livros de ficção. E gratidão! Muita. Que todos possamos ser bem
sucedidos a proteger-nos e aos nossos, cumprindo todas as regras para que unidos
se vença esta doença. E sobretudo um infinita homenagem a todos que perderam a
vida. Que nunca sejam esquecidos!
4 - Os movimentos de
integração da mulher influenciam no seu cotidiano?
Sim! Sou, por hábito,
bastante “combativa” e tento lutar contra a desigualdade em todos os planos.
Qualquer segregação, seja da cor da pele, credo, género, orientação sexual, e
outras, mexem muito com o meu sentido de liberdade e de que todos são iguais e
devem ter os mesmos direitos.
5 - Como você faz para
divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?
Não divulgado muito o meu
trabalho. Devia ser muito mais activa em defender o que faço. Normalmente
escrevo nos meus blogs. Partilho no Facebook, os meus livros, entrevistas e
outros eventos onde já estive, mas… não sou muito “insistente”. Nada mesmo,
nessa divulgação. Sei que faço mal, mas é o meu feitio e o gostar de estar mais
reservada.
6 - Quais os pontos positivos
e negativos do universo da escrita para a mulher?
Atualmente, ainda existem
muitas discriminações “contra” a mulher escritora, como contra a mulher, mais
“mundana”. O universo livreiro e relacionado, ainda é liderado pelos homens e
não é fácil “vingar” se não se for conhecido ou tiver uma boa “máquina” de
divulgação por trás. Depois, há ainda temas que, se tratados por mulheres, são
lidos tão frivolamente o com tanto preconceito e ignorância, que me revolta. O
sexo, por exemplo. É (ainda) muito complicado escrever, sem ficar “conotado”
com leviandade e receberem-se comentários indesejados. Ou convites,
inimagináveis. Não devia acontecer. Por outro lado, é bom verem-se cada
vez mais mulheres a lutar pelos seus sonhos e não desistir, frente às
adversidades.
7 - O que pretende alcançar
enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.
Nada de importante.
Gostaria que quem me lê, goste e que o sinta e recorde como algo bonito e
tocante. Quanto a projectos, estou, por enquanto, em repouso. Lancei um livro
de poesia o ano passado. Talvez surja outro, daqui a um tempo, em que toda esta
situação, também esteja evidente. Se, de poesia, romance, ficção… ainda não
sei.
8 - Quais os temas que
gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em
Portugal?
Estou certa que são muitos e
sempre interessantes e abrangentes os temas dos Encontros do Mulherio das
Letras. Da “discussão” nasce a luz. É da troca de ideias que vão sempre
surgindo perguntas, debelando-se inquietações.
9 - Sugira uma autora e um
livro que lhe inspira ou influencia na escrita.
Como Água para Chocolate, por
exemplo., de Laura Esquível. Ou quase todos de Juliet Marillier. Na verdade há
inúmeros livros e autoras, que me inspiram.
10 - Qual a pergunta que
gostaria que lhe fizessem? E como responderia?
A pergunta.
Acha que os/as autoras
nacionais são devida e igualmente acarinhados?
A resposta.
Não! Há muita diferença no
tratamento e divulgação de uns e total discriminação e desconhecimento, quanto
ao trabalho (melhor ou igual) de outros.
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