ABRAM
AS GAIOLAS
Não
avisaram aos pássaros que estamos de quarentena?
São
dias de ausências, de casas povoadas pelo medo
O
fim fim, a rolinha, a cambacica, o bem
te vi
Continuam
empoleirados juntos na goiabeira
Ou
saem voando livres pelos ares,
Fazendo-nos
inveja de suas liberdades
Mas,
muitos deles continuam engaiolados
Não
pela quarentena do vírus que nos ameaça
Mas
pela falta de amor que sobrepõe à caridade humana
Hoje
as pessoas do mundo estão trancadas em suas casas,
Isoladas,
presas em seus desertos
Como
os pássaros inocentes que aprisionam
E
como pássaros solitários as pessoas desvalidas cantam,
De
suas varandas, de seus quintais de suas gaiolas
Cantam
para dissipar o medo, animar os vizinhos
E
tornar mais leve o passar dos dias da dor que nos une
Avisem
aos humanos que esses são dias de revanche
São
dias de pessoas engaioladas como os pássaros
Separadas
pelo mal que nos ronda em segredo
Engradando
as asas preciosas de nossa liberdade
Já
não andamos livres pelas ruas nem nos visitamos
As
praças estão desertas e a inquietação vela nosso sono
Ecoa
na alma do mundo um grito silencioso de alforria
Abram
as gaiolas
Abram
as gaiolas!
Vânia
Gusmão
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