NOVA ERA
Acabaram-se os abraços e os beijos.
Chegou a solidão por tantos almejada, o início do ócio, da pacatez.
Aniquilaram o stress, o andar nas ruas, a azáfama dos centros comerciais, as filas de trânsito e a poluição.
Já não há escola, já não há empregos rotineiros.
Uma nova era começou.
Abraçamos e beijamos virtualmente e só agora sentimos a ausência da carne que durante anos colmatamos com emojis.
Vive-se o ócio e a pacatez do lar, sem ruas e trânsito e filas e poluição.
Come-se sem esbanjar. Raciona-se o pão. Comem-se até as migalhas que caem no chão.
Uma nova era começou.
Já não odiamos ninguém. Respira-se amor virtual, solidariedade e fraternidade.
Já não prendemos ninguém em gaiolas.
Hoje somos todos gaiolas.
Somos as frágeis presas do invisível vilão.
Aproveitemos a imposta solidão.
Uma nova era começou.
Hoje quem morre, parte sozinho.
Na despedida não estão os amigos nem a família, nem os conhecidos, nem o padre nem tão pouco a carpideira.
Não, ninguém os abandonou no caixão, sem eira nem beira.
Uma nova começou.
Hoje somos todos seres em reclusão.
Chegou a solidão por tantos almejada, o início do ócio, da pacatez.
Aniquilaram o stress, o andar nas ruas, a azáfama dos centros comerciais, as filas de trânsito e a poluição.
Já não há escola, já não há empregos rotineiros.
Uma nova era começou.
Abraçamos e beijamos virtualmente e só agora sentimos a ausência da carne que durante anos colmatamos com emojis.
Vive-se o ócio e a pacatez do lar, sem ruas e trânsito e filas e poluição.
Come-se sem esbanjar. Raciona-se o pão. Comem-se até as migalhas que caem no chão.
Uma nova era começou.
Já não odiamos ninguém. Respira-se amor virtual, solidariedade e fraternidade.
Já não prendemos ninguém em gaiolas.
Hoje somos todos gaiolas.
Somos as frágeis presas do invisível vilão.
Aproveitemos a imposta solidão.
Uma nova era começou.
Hoje quem morre, parte sozinho.
Na despedida não estão os amigos nem a família, nem os conhecidos, nem o padre nem tão pouco a carpideira.
Não, ninguém os abandonou no caixão, sem eira nem beira.
Uma nova começou.
Hoje somos todos seres em reclusão.
Balthasar Sete-Sóis
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