domingo, 26 de janeiro de 2020

DA FONTE LAMEIRA AO ALTO DO CAVALINHO - ERNESTO FERREIRA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Na Fonte Lameira, Miguel bebeu água com um sabor como nunca tinha experimentado. Estava absorvido nesse pensamento e nem deu pela presença de um pastor que o olhava junto a uma capela. Miguel resolveu dirigir-se ao pastor e perguntou-lhe: Sabes dizer-me a quem pertence esta Capela. Responde o pastor: Pertence ao “manhola” da santosa de Asturães. Miguel exclamou: Que idioma é esse? E o pastor respondeu: É o Verbo... ou Verbo da Gata Lapardana.
Então o pastor esclareceu: O Verbo é uma forma de dizer que os Asturianos usavam quando queriam comunicar sem que os estranhos percebessem. Olhe: manhola da santosa é o padre e manhola da esgrabilhação é o professor. Bacalhau diz-se “portela” e vinho é “zola”. Copo ou malga é “cachefre” e então um “cachefre de zola” é um copo de vinho. O verbo que mais se usava era o verbo “besar”; andar, correr é “lastideiro” e casa é “faunho”. Meu, minha é “meu enes”. Então “besar da lastideiro pró faunho de meu enes” significa eu andar para minha casa.
Hoje já ninguém sabe este Verbo e só a circunstância de um antepassado do Miguel ter feito uma espécie de dicionário permite que não se tenha perdido totalmente. O que é uma perda não pela erudição em si mesma, mas pelo que representou para os utilizadores e para a história.
E o pastor mais informou: o penedo que se encontrava a norte da fonte se chamava “cabeça de padre” em homenagem ao padre que erigiu a capela. Então, seguindo a linha de águas vertentes será a linha divisória, comandada pelo alto do espigueiro, o ponto mais alto da serra.
O caminho que Miguel foi sinalizando contemplava as linhas de “águas vertentes”. Nada de especial se apresenta excepto duas situações: a porta do lobo, local onde deveriam passar os lobos quando acossados em montarias, e o Alto do Cavalinho com esplendor igual ao Alto do Castelo. São por assim dizer, duas elevações irmãs.
Foi aqui que Miguel fixou outro ponto divisório.

EM - MIGUEL, NO EXTREMO DA ESTREMA - ERNESTO FERREIRA - IN-FINITA

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