sábado, 23 de novembro de 2019

SONHO-ME... (excerto) - SÓNIA CORREIA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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No escuro da noite é onde me encontro. Apagam-se as luzes, calam- se as vozes, cai o negro lençol sobre o mundo. O corpo cansado do pensar solta-se leve e a alma refugia-se enrolada na manta felpuda de liberdade dos dias que tolhem o sonho.

Peço pouco ao universo, talvez um pouco impossível e ainda assim um quase nada que demora no percurso até mim; que seja efémero, mas chegue esse irrisório que me falta.

É cúmplice a névoa das luzes apagadas em surdina, é intenso o cheiro a maresia que mesmo em sonho me chega às hormonas e me cativa em todas as horas em que o mundo dorme. Será muito querer ser amada?

Deixo-me ir atrás do insano silêncio e sonho ainda acordada neste imaginário. A esperança toca ao de leve a pele num todo. Amar ultrapassa a impossibilidade, na chama da vela que acendo religiosamente ao meu lado, num instante deixo de existir para viver, sonho-me.

O relógio estagna na cidade onde me reinvento e amo, amo em contos de fadas por inventar, amo quem sou num orgulho que me preenche. Sinto-me amada no devagar com que a minha metade se encaixa em mim, como se o quente desse desenho assentasse praça na minha fogueira.

EM - ALMA-TE - SÓNIA CORREIA - IN-FINITA

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