sexta-feira, 18 de outubro de 2019

DEZ PERGUNTAS A... CARLOTA MARQUES CANHA


Agradecemos à autora CARLOTA MARQUES CANHA pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 – O livro AGARRAR O TEMPO “Pensamentos sem tempo” foi lançado em dezembro de 2018. Conte-nos um pouco da história da caminhada entre a autora e o livro.

Este livro que, considero quase como um filho,  foi um processo inesperado numa fase pessoal da minha vida em que o meu sonho falou mais alto e a necessidade de fazer algumas mudanças na minha vida, contornar ciclos, uma fase de reinvenção deram-me a coragem,  a segurança que estava na hora de avançar com este projeto. Inicialmente foi uma edição de autor, mas a vontade pessoal de levar o livro mais longe fez com que o mesmo chegasse a algumas editoras e foi a Chiado Books que decidiu editar este livro que foi no tempo, no momento certo da minha vida.

2 – Como foi o processo criativo para a elaboração do seu livro AGARRAR O TEMPO “Pensamentos sem tempo”?

Alguns poemas já existiam de um passado da minha juventude em que abandonei a escrita durante quase 20 anos, mas a vontade de voltar a escrever foi enorme e senti esse grande apelo interior. No início, as ideias tinham alguma dificuldade em concretizarem-se, mas gradualmente foram aparecendo os temas e os poemas foram  sendo escritos a pouco e pouco, sendo o resultado de experiências pessoais do passado recente e outras mais antigas. A intuição e uma corrente criativa que foi suscitada na altura fizeram-me avançar, seguir este caminho em frente, mesmo com algum receio e dúvidas. Decidi apostar. Contei muito com o apoio que senti de alguns amigos, de realçar o incentivo e carinho que recebi da primeira pessoa que leu o livro em primeira mão, a  amiga  e jornalista do Jornal de Negócios, Carla Pedro que gostou desde o início do manuscrito e fez-me acreditar que estava no caminho certo e também a minha mãe que, na sua idade avançada e com uma saúde debilitada encorajou-me a seguir em frente, mesmo com todas as dificuldades e barreiras que iria enfrentar fez-me acreditar que era possível levar este sonho, este projeto avante. Para além da minha mãe, tive um “empurrão celestial” do meu pai já falecido e que sempre apoiou-me em todos os desafios que quis enveredar, fez-me ver que teria que lutar pelo que queria e, se queria muito algo tinha que lutar com todas as forças sem nunca baixar os braços. Embora tivesse, muitas das vezes, alguma rebeldia em aceitar os seus conselhos na minha juventude, hoje sei que foi pelo meu bem e para o meu crescimento e evolução como pessoa. Foi ele que me fez ver e perceber que era agora ou nunca o momento de arriscar. O prefácio do livro “Agarrar o Tempo” foi uma homenagem em forma de dedicatória que fiz ao meu pai que já partiu, mas que está sempre comigo numa conexão que diria quase espiritual. Sou muito grata aos pais que tive que sempre estiveram comigo em todos os momentos decisivos da minha vida, sem excepções. O livro acabou por unir a escrita e também a fotografia através de um amigo pessoal que surgiu na minha vida numa fase crítica, mas que foi o responsável pela produção fotográfica do livro de autor e, posteriormente com o livro “Agarrar o tempo – Pensamentos sem tempo”, o Miguel Vidal Pinheiro foi decisivo nesta fase de criação com a sua genuína e bonita amizade e também pela sua experiência como fotógrafo. Vários fatores alinharam-se,  permitindo que “Agarrar o Tempo”, título de um poema original que faz parte do mesmo livro tornasse-se numa realidade e que seria editado e publicado em Dezembro de 2018.

3 – Como foi a sua metodologia de trabalho na criação desse livro?

Foram escolhidos 100 poemas para fazerem parte deste livro, alguns foram escritos no verão de 2018 em que a intensidade da minha escrita começou de tal forma a produzir-se que chegava a escrever pela madrugada fora sem parar, porque a inspiração e a corrente criativa estavam tão presentes que não conseguia parar. Foi complicado articular a minha atividade profissional na altura com o tal “desejo” incontrolável de escrever, escrever sem parar. Sentia quase uma “maratona” sem fim à vista, mas deixava-me muitas vezes muito exausta. Os temas foram escolhidos de forma aleatória, mas gosto de escrever sobre as emoções, sobre o amor, a natureza, os outros e até sobre a minha pessoa foram temas  que falaram mais alto e com alguma profundidade como apontam alguns dos meus seguidores  e leitores.

4 – Em que corrente literária acha que a sua escrita se enquadra? Fale um pouco da sua poesia e do seu livro.

Não sei bem precisar que tipo de corrente literária poderia atribuir ao trabalho que tenho desenvolvido, mas considero-me uma autora das “emoções”, escrevo sobre quase tudo o que me fascina e interessa na vida. Gosto de sensações, gosto de observar, de vivenciar e penso que é isso que reproduzo no papel, uma escrita leve, despretensiosa, humilde porque estou a crescer como autora e disponível para receber tudo o que o mundo literário pode oferecer. Julgo que a corrente que mais me identifico será com Fernando Pessoa, poeta do século XX que reproduz as emoções, as sensações de uma forma muito peculiar e diria até única na nossa história literária. Considero este livro “Agarrar o tempo” um início para ser continuado com outro livro num futuro próximo.
                                                                                     
5 – Em que momento se sentiu preparada para publicar um livro e divulgar a sua poesia?

Foi no ano passado em finais de Março em que estive num processo de recuperação por motivos de uma cirurgia que tinha feito e numa recuperação complexa que senti esse ímpeto para avançar com a escrita, voltar a escrever poesia e, posteriormente a possibilidade de publicação do livro tornou-se uma realidade. Nessa altura, a minha  voz interior disse-me ou tentava agora ou seria nunca e como mulher não gosto de desistir de desafios na vida, gosto de pensar que pode não ser o momento, mas a hora iria chegar e graças a Deus a hora chegou.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

Os pontos positivos da escrita são a liberdade que sentimos para reproduzir o que sentimos, pensamos, vivenciamos e até desejamos.
É um processo de auto-conhecimento que sinto na minha pessoa e faz-me olhar para dentro, perceber-me enquanto eu interior e como posso relacionar-me com os outros, o mundo. Gosto de pensar que a minha escrita tem uma mensagem positiva, de esperança, que é neutra dirige-se a todos e pode servir de motivação para os outros. Tenho leitores no Brasil que chegam a dizer-me em mensagens muito simpáticas e carinhosas que, a minha escrita é a sua companhia no dia e, quando não escrevo ou não publico na página “Pensamentos Soltos – Poesia Portuguesa” chegam a dizer-me que sentem falta desse contacto, dessa proximidade pelo mundo digital das redes sociais. Há um calor humano e uma proximidade tão bonita que parece que não temos um oceano que separa dois países. É a língua e o gosto de acompanharem o nosso trabalho que faz-me acreditar que farei alguma diferença na vida dessas pessoas que nunca vi pessoalmente, que nunca falei via telefone, mas sentimo-nos muito próximas como uma “família”.
Em termos de pontos negativos, escrever pode gerar, às vezes, algum stress quando queremos reproduzir algo no papel que não conseguimos naquele momento, não sai nada e o que sai não presta na maioria das vezes. A criação surge em momentos inesperados em que o gravador de voz ou um bloco de notas acompanham-me fielmente para reproduzir o que estou a pensar, sentir e concretizar  depois as ideias.  Às vezes debatemos-nos com falta de ideias, de criatividade, de veia de inspiração acaba por ser um processo solitário não que seja mau, mas é algo individual que só nós sabemos o que queremos expressar. Já aconteceu-me tantas vezes durante alguns dias não conseguir escrever nada de jeito, mas depois um dia estamos freneticamente concentrados nos pensamentos e sai tanta coisa bonita para o papel que chego a duvidar se fui mesmo eu que escrevi e nessa altura é uma grande emoção de felicidade e sentir que naquele dia acrescentei algo bom. É um momento de plena satisfação, grande realização.

7 – O que pretende alcançar enquanto autora?

Como autora gostaria de pensar que chego a todas as pessoas, independentemente da idade, alguns podem gostar, outros não, mas sobretudo que o público, os leitores em geral, descubram a minha escrita e façam o seu juízo de valor. O que escrevo é para todos para além da minha pessoa, mas não cultivo qualquer egoismo de escrever apenas para mim. Alguns escritores, poetas são vistos como pseudo egoístas porque só escrevem para eles, porque entendem a mensagem, mas não se preocupam em saber se quem os segue e lê percebe o que escrevem. Gosto de pensar que escrevo porque vale a pena e não um puro acto de “ego” exacerbado não me vejo de forma alguma dessa maneira. Escrevo é claro para mim, mas para os outros, o público em geral.

8 – Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

A curto prazo está nos meus planos fazer formação na área da representação/interpretação como forma de dotar-me de ferramentas e valências próprias para construção, composição de personagens, dado que pretendo escrever uma narrativa de ficção, um romance a médio longo prazo. Para além deste ambicioso projeto, gostaria de continuar a escrever poesia, participar em projectos de antologias com outros autores e quem sabe voltar a editar um segundo livro de poesia, mais maduro do que o primeiro e que espelhe essencialmente a minha evolução e consolidação a nível de autora.

9 – Os poemas apresentados é um resgate de sentimentos pessoais ou a criação da autora?

Em termos gerais, os poemas escritos são, alguns,  fruto de sentimentos pessoais, de experiências vividas algumas com alguma dor e dificuldade diria, mas outras foram aprendizagem, foram amadurecimento. Outros poemas são puramente criação enquanto autora.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Qual é a tua verdade Carlota?
A minha verdade é ser ser o que sou, fui e serei num futuro, simples, autêntica, genuína, na forma de ser e estar com os outros e com a vida. Alguém que vive e atua em transparência sem mágoas, sem rancores, sem máscaras eu própria, a Carlota no seu jeito de ser. Quem gostar, ótimo deixa-me feliz, quem não gostar aceito e respeitarei. Serei fiel aos meus valores e princípios que edificaram o meu carácter e pessoa e espero continuar sempre a escrever desde que a minha mente e força interior assim o permitam.
Amo muito escrever e espero continuar nessa  base como um exercício mental saudável de expressão de sentimentos, ideias, pensamentos e, fundamentalmente contar histórias, não apenas as minhas “histórias”, mas o mundo que vejo.


BIOGRAFIA

Carlota Marques Canha

Nascida e natural de Lisboa é licenciada em Tradução económica-jurídica na vertente francês e inglês pela Universidade Europeia e com uma Pós-graduação em Gestão Comercial e Marketing pelo ISTE Porto.
Iniciou o seu percurso profissional em Assessoria de Direção em diversas empresas multinacionais onde se mantém em funções na área de legal no Grupo Jerónimo Martins.
É escritora com o lançamento do seu primeiro livro de poesia “Agarrar o Tempo” - Pensamentos sem tempo. Para além do género de poesia gosta de escrever prosa, crónicas, contos e letras originais de músicas.
Gosta de desafios e fazer coisas diferentes, o teatro e o gosto da representação acabaram por surgir ligados à vontade de compor personagens, compor histórias para um romance que pretende escrever a médio longo prazo. Nos seus tempos livres, para além da escrita, leitura, danças latinas, gosta de fotografia, captar momentos que servem de inspiração para a sua escrita, para a criação de pensamentos, ideias.
Sentir e escrever sobre a vida, os outros, as aprendizagens e experiências recebidas são o que mais a movem na sua busca constante de evoluir como pessoa, como mulher.

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