segunda-feira, 20 de maio de 2019

DÉCIMA PRIMEIRA DEMÊNCIA (excerto) - JOÃO DORDIO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Vai lá ver se a torneira está a pingar!

Pinga! Pinga! Pinga! Pinga! E eram mil linhas a escrever o mesmo,
que PINGA porque pingou o dia todo e a noite toda de todas as
semanas dos meses que completam o calendário de mim louco.

Pinga...

Ah, se visses e ouvisses e sentisses a água da torneira da respiração
e da recordação e dos momentos... ouvirias a pinga, pinga,
pinga! PINGA! Uma pinga que não pára! É terrível! É insuportável!
Olha o charco! Olha a poça! Um charco e uma poça de pingas!
Olha o mar de pingas porque o rio é pouco e porque no oceano já
pingou tanto, tanto, tanto! Tanto que a inspiração derrotou todos os
canalizadores e foi uma enxurrada de letras, palavras, frases, tudo
pingado! Pingadas pregadas depois ao asfalto e onde se ouvem os
gritos que milhares de poças loucas! E o que é uma poça louca?
Não sei definir concretamente, mas sei que eram muitas! Tantas!
Tantas! Tantas que se tornaram olhares mudos. Outras tornaram-se
olhares surdos e também visões surdas.

Pinga...

EM - A PAIXÃO - ESCRITOS E DEMÊNCIAS - JOÃO DORDIO - IN-FINITA

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