naquelas com varandas e varandins! Mesmo naquelas com quintais
e terraços!
A maior parte das vezes estás em todos os locais por onde passo
de carro e te observo na paisagem, aquela paisagem de mente e de
recordação e de saudade... nesta cidade que me vê nascer todos os
dias sem me conhecer. Nesta cidade de janelas para um mundo que
nunca foi o meu... e que também nunca poderá ser o teu porque...
tu também não és dele!
- Sabes onde deixei tudo isto escrito? Num pedaço de papel que
era a conta do supermercado e que tinha dentro do saco das compras.
E escrevi enquanto conduzia...
- Mas isso é perigoso! Porque não gravas no telemóvel?
- Só sei gravar no meu gravador de mente...
Vejo-te e sinto-te em tanta coisa. Depois consegues ficar em tão
poucas, disfarçada de letras pequeninas e tortas. Consegues... tanto!
Como é que consegues caber lá dentro? Como é que o lá dentro é
tudo contigo e connosco? Como é que pode passar o vazio sem nós?
EM - A PAIXÃO - ESCRITOS E DEMÊNCIAS - JOÃO DORDIO - IN-FINITA
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