Agradecemos à autora MARLI DIAS RIBEIRO a disponibilidade em responder ao nosso questionário
1 – Como você vê o papel da mulher na literatura
atual?
Acredito que podemos ir além do que já
conquistamos e compreendemos que a escrita e a leitura sempre foram grandes
desafios no mundo. Historicamente fomos abrindo espaços nesse universo letrado.
Na antiguidade apenas aos homens era dado o direito a escrever, eles iniciaram
os processos de escrita por uma necessidade de trabalho, para anotar a quantidade de animais que tinham, guardar a
informação e controlar os animais que eram vendidos, que se perdiam ou que
morriam. Eram breves anotações comerciais e alguns documentos. Ainda em tempos
passados os sacerdotes podiam escrever livros porque se acreditava ser a
escrita um dom sagrado concedido pelos deuses a sujeitos escolhidos. Essas
pessoas eram as únicas que tinham permissão para ler os livros sagrados. Ainda
hoje a ideia de dom ou capacidade nata é associada a essa visão dogmática do
ato de escrever. Mas acreditem, todos podem escrever… Todos! E nós mulheres
estamos trilhando com muita luta e persistência esse caminho na literatura.
2 – Em que medida o universo feminino influencia
na hora de escrever?
As mulheres tem uma maneira única, especial e
diversificada de enxergar o mundo. A escrita feminina pode ampliar e fortalecer
a muitas formas de nos apropriarmos do conhecimento. Escrever é uma ação de se
posicionar no mundo e de fazer história. Podemos registrar nossa trajetória por
meio de nossas palavras escritas.
3 – Em que corrente literária acha que a sua
escrita se enquadra?
Não me
sinto vinculada com exclusividade a uma corrente literária. Gosto da
diversidade e da liberdade de poder transitar. Talvez o existencialismo me
chame atenção na literatura, ou mesmo no
cinema, porém prefiro não me enquadrar.
4 - Que importância dá aos movimentos de
integração da mulher?
O mundo ainda não entendeu o papel da mulher e
sua força. Continuamos lutando por direitos primários como a própria vida.
Nossos movimentos tem mostrado que a inércia não pode fazer parte de nosso
cotidiano. Ainda precisamos de mais seu espaço na sociedade, ainda precisamos de mais dignidade e
respeito. Nossa liberdade de expressão ainda move-se presa e submetida a falsas
liberdades e frágeis conquistas.
5 – O que acredita ser essencial para divulgar a
literatura?
Viver literatura, escrever, ler e fazer
acontecer literatura custa muito no Brasil. Uma parcela pequena da sociedade
pode comprar ou publicar um livro. Grupos e movimentos como este incentivam e
ajudam a promover ações que dão vida a muitas mulheres escritoras. Decidi
escrever meu primeiro livro (Por uma escrita rebelde no estrito senso - AVA
editora Artesanal) em uma pequena editora independente e artesanal como uma
forma de indignação aos altos custos da produção literária nacional.
6 - Quais os pontos positivos e negativos do
universo da escrita?
Não tenho como listar negatividades. Acredito na
arte de escrever, nas possibilidades de aprendizagem em cada palavra posta no
mundo. A escrita comunica, une, indica e reforça nossa história de vida. Na
escrita eternizamos nossos passos no mundo.
7 – O que pretende alcançar enquanto autora?
Meu principal objetivo quando comecei a escrever
era dizer que é possível sim, podemos sim, escrever. Democratizar a literatura.
Sou iniciante na arte da palavra, então alcançar outros espaços, conhecer
outras formas de escrever, cultivar e estimular a leitura seja meu principal
objetivo.
8 – Cite um projeto a curto prazo e um a longo
prazo.
A curto prazo é divulgar os textos que já escrevei
e alongo prazo poder produzir livros para quem não pode comprar.
9 - Sugira uma autora e um livro
(contemporâneos).
Do"Do que É Feita uma Garota", de Caitlin Moran.
10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe
fizessem? E como responderia?
A educação pode mudar o mundo?
Responderia que sim, pois acredito no poder da
palavra, na leitura das letras e do mundo. Na transformação pela escrita
literária. A escrita tem um vinculo muito forte com a educação, e sendo
educadora, não posso deixar de falar sobre esse tema. Mudar as pessoas pela
literatura e por ela transformar esse mundo tão belo e, por vezes, tão cruel em
que vivemos.
BIOGRAFIA
Professora, palestrante e escritora.
Tem experiência em gestão escolar, coordenação e formação de professores e
gestores. Mestre em Educação, Pós graduada em Educação no Sistema Penitenciário
e Especialista em Gestão Escolar. Formação Internacional em Liderança Escolar.
Tem artigos e textos publicados em livros e revistas. Criadora e escritora no
Blog http://www.eudiretora.
Excelente entrevista. É verdade que nos movemos entre um mundo de «falsas liberdades e frágeis conquistas» e que «escrever é uma ação de se posicionar no mundo e de fazer história». Muitos parabéns pelo percurso e pelas palavras!
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