sexta-feira, 26 de abril de 2019

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL... MARLI DIAS RIBEIRO

Agradecemos à autora MARLI DIAS RIBEIRO a disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 – Como você vê o papel da mulher na literatura atual?

Acredito que podemos ir além do que já conquistamos e compreendemos que a escrita e a leitura sempre foram grandes desafios no mundo. Historicamente fomos abrindo espaços nesse universo letrado. Na antiguidade apenas aos homens era dado o direito a escrever, eles iniciaram os processos de escrita por uma necessidade de trabalho, para anotar a quantidade de animais que tinham, guardar a informação e controlar os animais que eram vendidos, que se perdiam ou que morriam. Eram breves anotações comerciais e alguns documentos. Ainda em tempos passados os sacerdotes podiam escrever livros porque se acreditava ser a escrita um dom sagrado concedido pelos deuses a sujeitos escolhidos. Essas pessoas eram as únicas que tinham permissão para ler os livros sagrados. Ainda hoje a ideia de dom ou capacidade nata é associada a essa visão dogmática do ato de escrever. Mas acreditem, todos podem escrever… Todos! E nós mulheres estamos trilhando com muita luta e persistência esse caminho na literatura.

2 – Em que medida o universo feminino influencia na hora de escrever?

As mulheres tem uma maneira única, especial e diversificada de enxergar o mundo. A escrita feminina pode ampliar e fortalecer a muitas formas de nos apropriarmos do conhecimento. Escrever é uma ação de se posicionar no mundo e de fazer história. Podemos registrar nossa trajetória por meio de nossas palavras escritas.

3 – Em que corrente literária acha que a sua escrita se enquadra?

Não me sinto vinculada com exclusividade a uma corrente literária. Gosto da diversidade e da liberdade de poder transitar. Talvez o existencialismo me chame atenção na  literatura, ou mesmo no cinema, porém prefiro não me enquadrar.

4 - Que importância dá aos movimentos de integração da mulher?

O mundo ainda não entendeu o papel da mulher e sua força. Continuamos lutando por direitos primários como a própria vida. Nossos movimentos tem mostrado que a inércia não pode fazer parte de nosso cotidiano. Ainda precisamos de mais seu espaço na sociedade, ainda precisamos de mais dignidade e respeito. Nossa liberdade de expressão ainda move-se presa e submetida a falsas liberdades e frágeis conquistas.

5 – O que acredita ser essencial para divulgar a literatura?

Viver literatura, escrever, ler e fazer acontecer literatura custa muito no Brasil. Uma parcela pequena da sociedade pode comprar ou publicar um livro. Grupos e movimentos como este incentivam e ajudam a promover ações que dão vida a muitas mulheres escritoras. Decidi escrever meu primeiro livro (Por uma escrita rebelde no estrito senso - AVA editora Artesanal) em uma pequena editora independente e artesanal como uma forma de indignação aos altos custos da produção literária nacional.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

Não tenho como listar negatividades. Acredito na arte de escrever, nas possibilidades de aprendizagem em cada palavra posta no mundo. A escrita comunica, une, indica e reforça nossa história de vida. Na escrita eternizamos nossos passos no mundo.

7 – O que pretende alcançar enquanto autora?

Meu principal objetivo quando comecei a escrever era dizer que é possível sim, podemos sim, escrever. Democratizar a literatura. Sou iniciante na arte da palavra, então alcançar outros espaços, conhecer outras formas de escrever, cultivar e estimular a leitura seja meu principal objetivo.

8 – Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

A curto prazo é divulgar os textos que já escrevei e alongo prazo poder produzir livros para quem não pode comprar.

9 - Sugira uma autora e um livro (contemporâneos).

Do"Do que É Feita uma Garota", de Caitlin Moran.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

A educação pode mudar o mundo?
Responderia que sim, pois acredito no poder da palavra, na leitura das letras e do mundo. Na transformação pela escrita literária. A escrita tem um vinculo muito forte com a educação, e sendo educadora, não posso deixar de falar sobre esse tema. Mudar as pessoas pela literatura e por ela transformar esse mundo tão belo e, por vezes, tão cruel em que vivemos.


BIOGRAFIA
Professora, palestrante e escritora. Tem experiência em gestão escolar, coordenação e formação de professores e gestores. Mestre em Educação, Pós graduada em Educação no Sistema Penitenciário e Especialista em Gestão Escolar. Formação Internacional em Liderança Escolar. Tem artigos e textos publicados em livros e revistas. Criadora e escritora no Blog http://www.eudiretora.

1 comentário:

  1. Excelente entrevista. É verdade que nos movemos entre um mundo de «falsas liberdades e frágeis conquistas» e que «escrever é uma ação de se posicionar no mundo e de fazer história». Muitos parabéns pelo percurso e pelas palavras!

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