Agradecemos à autora SÃO SILVEIRINHA a disponibilidade em responder ao nosso questionário
1 – Como você vê o papel da mulher na literatura
atual?
A História mundial serve de testemunho relativamente à
castração intelectual que as mulheres sofreram ao longo dos séculos, em
distintos países. Felizmente, cada vez mais a mulher tem um papel preponderante
na sociedade atual, sendo esta importância transversal ao mundo das artes,
nomeadamente à literatura.
2 – Em que medida o universo feminino influencia na
hora de escrever?
O universo feminino é intrínseco à minha escrita, aos
mundos que crio através dela. Sinto que o facto de ser mulher me atribui uma
sensibilidade e, em simultâneo, uma afoiteza próprias da minha condição. Com
isto não pretendo acusar os homens de insensíveis ou de resignados...
3 – Em que corrente literária acha que a sua escrita
se enquadra?
Não tenho grande preocupação em integrar a minha
escrita numa ou noutra corrente literária. Julgo que isso acaba por limitar a
liberdade que a poesia me confere, como se a estivesse a arrumar numa
determinada prateleira de uma qualquer biblioteca. Contudo, não posso deixar de
confessar que a minha escrita é contemporânea.
4 - Que importância dá aos movimentos de integração da
mulher?
O meu primeiro pensamento relativamente a este assunto
é que esta questão de “integração” nem sequer se deveria colocar, caso a mulher
tivesse sido sempre respeitada e encarada como um ser com a mesma capacidade
intelectual do que o homem, a qual deveria ter tido as mesmas oportunidades.
Pese embora a equidade que se pretende agora estabelecer, as mulheres continuam
a estar em desvantagem perante os homens. Por isso, todos os movimentos de
integração das mulheres são muito bem-vindos!
5 – O que acredita ser essencial para divulgar a
literatura?
Acredito que quando há vontade e resiliência, quando
há bom gosto e gosto pelo fazer, consegue-se divulgar o que de melhor se vai
escrevendo. Não é necessário fazer parte da “mainstream” para ser divulgado. É
de louvar o trabalho de qualidade que tem sido desenvolvido por pequenas
editoras, exemplo disso é a In-Finita.
6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo
da escrita?
Em qualquer área há aspetos positivos e negativos e o
universo da escrita não é exceção. Porém, os pontos positivos sobrepõem-se aos
negativos. Muito mau seria se assim não fosse! Destaco um ponto que, a meu ver,
é muito positivo: o leque variado de concursos e prémios literários que
atualmente existe em Portugal, dando-se oportunidade a escritores
desconhecidos, cuja escrita prima pela qualidade.
7 – O que pretende alcançar enquanto autora?
Tal como tinha afirmado há pouco tempo noutra
entrevista, pretendo, acima de tudo, que a minha escrita vá evoluindo,
amadurecendo e que cada vez sejam mais as pessoas que se identifiquem com
aquilo que escrevo.
8 – Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.
Projeto a curto prazo – continuar a
divulgar/apresentar em várias localidades do país o meu mais recente livro de
poesia, o “Outras Liberdades”.
Projeto a longo prazo – a frequência de um mestrado
relacionado com a área da literatura.
9 - Sugira uma autora e um livro (contemporâneos).
“O Tempo entre Costuras”, de Maria Dueñas. Se por um
lado, este romance retrata de uma forma inequívoca a importância da mulher na
sociedade em que se encontra inserida, por outro, revela os entraves que essa
mesma mulher tem de ultrapassar na busca incessante pela felicidade.
10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E
como responderia?
Partindo do princípio que acredita na reencarnação da
alma, escolheria ser homem numa próxima vida? Apesar das mulheres terem sempre
a tarefa mais dificultada, mesmo vivendo 1000 vezes, 1000 vezes escolheria ser
Mulher!
BIOGRAFIA:
SÃO SILVEIRINHA – Campo
Maior
Nasceu em Campo Maior a 28 de novembro de 1972.
Editou três livros de poesia: “O Voo da Libelinha”, “Em Viagem” e “Outras Liberdades”. Tem no prelo “Reflexos”, fruto do
1.º prémio do II Concurso Literário de Edições Vieira da Silva, com o poema
“Tons de Liberdade”. Em 2011, participou na “IV Antologia de Poetas Lusófonos”,
Folheto Edições & Design. Em 2018 participou na Antologia poética Conexões Atlânticas III, In-Finita. Membro do grupo Mulherio das Letras - Portugal. É fundadora e presidente da associação cultural
Despert’Arte. Tem participado em vários projetos relacionados com a escrita e a
dança contemporânea.
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