sexta-feira, 22 de março de 2019

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL... SÃO SILVEIRINHA


Agradecemos à autora SÃO SILVEIRINHA a disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 – Como você vê o papel da mulher na literatura atual?

A História mundial serve de testemunho relativamente à castração intelectual que as mulheres sofreram ao longo dos séculos, em distintos países. Felizmente, cada vez mais a mulher tem um papel preponderante na sociedade atual, sendo esta importância transversal ao mundo das artes, nomeadamente à literatura.

2 – Em que medida o universo feminino influencia na hora de escrever?

O universo feminino é intrínseco à minha escrita, aos mundos que crio através dela. Sinto que o facto de ser mulher me atribui uma sensibilidade e, em simultâneo, uma afoiteza próprias da minha condição. Com isto não pretendo acusar os homens de insensíveis ou de resignados...

3 – Em que corrente literária acha que a sua escrita se enquadra?

Não tenho grande preocupação em integrar a minha escrita numa ou noutra corrente literária. Julgo que isso acaba por limitar a liberdade que a poesia me confere, como se a estivesse a arrumar numa determinada prateleira de uma qualquer biblioteca. Contudo, não posso deixar de confessar que a minha escrita é contemporânea.

4 - Que importância dá aos movimentos de integração da mulher?

O meu primeiro pensamento relativamente a este assunto é que esta questão de “integração” nem sequer se deveria colocar, caso a mulher tivesse sido sempre respeitada e encarada como um ser com a mesma capacidade intelectual do que o homem, a qual deveria ter tido as mesmas oportunidades. Pese embora a equidade que se pretende agora estabelecer, as mulheres continuam a estar em desvantagem perante os homens. Por isso, todos os movimentos de integração das mulheres são muito bem-vindos!

5 – O que acredita ser essencial para divulgar a literatura?

Acredito que quando há vontade e resiliência, quando há bom gosto e gosto pelo fazer, consegue-se divulgar o que de melhor se vai escrevendo. Não é necessário fazer parte da “mainstream” para ser divulgado. É de louvar o trabalho de qualidade que tem sido desenvolvido por pequenas editoras, exemplo disso é a In-Finita.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

Em qualquer área há aspetos positivos e negativos e o universo da escrita não é exceção. Porém, os pontos positivos sobrepõem-se aos negativos. Muito mau seria se assim não fosse! Destaco um ponto que, a meu ver, é muito positivo: o leque variado de concursos e prémios literários que atualmente existe em Portugal, dando-se oportunidade a escritores desconhecidos, cuja escrita prima pela qualidade. 

7 – O que pretende alcançar enquanto autora?

Tal como tinha afirmado há pouco tempo noutra entrevista, pretendo, acima de tudo, que a minha escrita vá evoluindo, amadurecendo e que cada vez sejam mais as pessoas que se identifiquem com aquilo que escrevo.

8 – Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

Projeto a curto prazo – continuar a divulgar/apresentar em várias localidades do país o meu mais recente livro de poesia, o “Outras Liberdades”.
Projeto a longo prazo – a frequência de um mestrado relacionado com a área da literatura.

9 - Sugira uma autora e um livro (contemporâneos).

“O Tempo entre Costuras”, de Maria Dueñas. Se por um lado, este romance retrata de uma forma inequívoca a importância da mulher na sociedade em que se encontra inserida, por outro, revela os entraves que essa mesma mulher tem de ultrapassar na busca incessante pela felicidade.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Partindo do princípio que acredita na reencarnação da alma, escolheria ser homem numa próxima vida? Apesar das mulheres terem sempre a tarefa mais dificultada, mesmo vivendo 1000 vezes, 1000 vezes escolheria ser Mulher!


BIOGRAFIA:
SÃO SILVEIRINHA – Campo Maior
Nasceu em Campo Maior a 28 de novembro de 1972.

Editou três livros de poesia: “O Voo da Libelinha”, “Em Viagem” e “Outras Liberdades”. Tem no prelo “Reflexos”, fruto do 1.º prémio do II Concurso Literário de Edições Vieira da Silva, com o poema “Tons de Liberdade”. Em 2011, participou na “IV Antologia de Poetas Lusófonos”, Folheto Edições & Design. Em 2018 participou na Antologia poética Conexões Atlânticas III, In-Finita. Membro do grupo Mulherio das Letras - Portugal. É fundadora e presidente da associação cultural Despert’Arte. Tem participado em vários projetos relacionados com a escrita e a dança contemporânea.

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