sexta-feira, 9 de novembro de 2018

EU FALO DE... OS SONS DO SILÊNCIO


Por vezes o melhor que podemos fazer por um livro, e uma autora, é dar a conhecer a nossa primeira impressão. Assim sendo, aqui fica o prefácio que tive a honra de escrever para o livro OS SONS DO SILÊNCIO de Maria Antonieta Oliveira.

Escrever sobre os livros de Maria Antonieta Oliveira não é complicado porque, ao contrário daquilo que encontramos noutros autores, existem características na sua poesia que, tal como as impressões digitais, nos remetem imediatamente para si.

Numa era em que as correntes literárias caíram em desuso e a esmagadora maioria dos autores recusa ser conectado seja com o que for, não deixa de ser curioso existirem outros que, de forma consciente ou talvez não, tentam encontrar formas de se destacar, dos demais, através dessas pequenas diferenças/peculiaridades/características. É o presente caso.

Apesar de não poder ser catalogada como uma autora minimalista, os textos curtos, mas concisos, são uma das suas imagens de marca. Da mesma forma, não podendo ser considerada, em absoluto (e por razões naturais), como uma autora do romantismo, a sua escrita tem alguns pontos de contacto com essa corrente literária, nomeadamente na abordagem recorrente, que não exaustiva, do EU poético, do tempo, da natureza e dos sentimentos.

Posto isto, não é de todo desfasado dizer-se que a obra, de Maria Antonieta Oliveira, centra-se, essencialmente, em quatro pilares temáticos, e o facto dos seus textos não serem extensos permite-lhe o uso continuado desses temas sem se tornar repetitiva. A prova do que acabo de escrever pode ser encontrada neste OS SONS DO SILÊNCIO e no modo como está dividido. E a mesma análise poderia ser feita caso a estrutura do livro fosse distinta, isto é, se as três partes do livro tivessem sido dispostas de outra forma, porquanto, nenhuma tem preponderância sobre as restantes, bem pelo contrário, até se entrelaçam em muitos dos textos.

Quem tem acompanhado o percurso da autora, e já teve oportunidade de ler os trabalhos anteriores, não vai ficar defraudado. Aqueles que nunca leram a sua poesia podem ter a certeza que este livro é um bom manual para se entender toda a obra de Maria Antonieta Oliveira e o que a motiva.

Fazendo uma analogia entre a poesia e o póquer, atrevo-me a dizer que OS SONS DO SILÊNCIO é uma boa aposta porque a autora não está a fazer blefe.

MANU DIXIT

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