Agradecemos ao autor ADEMILTON BATISTA a disponibilidade em responder ao nosso questionário
1 - Como se
define enquanto autor e pessoa?
Como autor,
externalizo os meus sentimentos e aspirações sobre a minha realidade e os
acontecimentos que rodeiam o meu campo de observação dentro das minhas obras.
Como pessoa, cumpro o meu papel como parte de um grupo familiar e social,
procurando sempre manter bons relacionamentos e construir dentro das
possibilidades ações positivas, civil e artisticamente.
2 - Quais
as influências do Nordeste na sua escrita?
Como baiano
e soteropolitano, sinto-me filho da terra que nasci e habito. Um grande arco
familiar abrange o Nordeste, já que meus pais e avós nasceram e viveram boa
parte de suas vidas no estado de Sergipe, migrando para Salvador algum tempo
depois, promovendo essa “miscelânea” étnica entre parentes, que culminaram na
pluralidade cultural que tenho hoje.
Escrevo o
que sinto e o que vivo, sendo toda essa bagagem parte essencial da minha
inspiração como artista e profissional. As minhas origens genéticas e culturais
estão presentes de forma constante em meu trabalho.
3 - O que
lhe motiva a escrever? E por que a poesia?
Ao
descobrir o sentimento do amor em minha vida, senti a necessidade de
transformação interior. Com isso, tive a oportunidade de preencher o vazio
existencial que por diversos motivos, em mim existia.
Após essa
fase, entendi que esse sentimento não poderia ficar contido apenas para um
benefício pessoal, mas merecia ser compartilhado de forma plural, com outras
pessoas ao meu redor, abrangendo o meio em que eu tinha contato.
A poesia se
tornou um veículo acessível para transferir esse objetivo para um público
maior. Com uma linguagem popular e de fácil interpretação, me realizei neste
formato literário para me comunicar com os meus leitores.
4 - Que
barreiras existem no seu percurso como autor?
Poderia
citar diversas barreiras, tanto físicas quanto psicológicas que me cercaram e
talvez me atrasaram no meu percurso como autor, porém em minha opinião, a maior
delas e mais destrutiva acaba por ser a mental, que possui a capacidade de
bloqueio gigantesca dentro de um universo criativo. Vencendo esta, as outras serão
conquistadas por consequência.
5 - Que
impacto têm as redes sociais no seu percurso?
As redes
socais foram grandes aliadas durante o início da minha carreira e confesso que
ainda são. Muitos subestimam e criticam o poder da internet e seus impactos negativos
na sociedade moderna, mas acho que tudo depende de como se usa e de que forma
direcionamos este poder.
No meu
caso, redes como Facebook e Instagram tiveram um grande papel na divulgação e
popularização dos meus trabalhos como escritor. Diria que elas tem um impacto
bem positivo e importante no meu percurso.
6 - Quais
os pontos positivos e negativos do universo da escrita?
Acredito
que dentro do universo artístico, qualquer forma de restrição ou obstrução que
impeça o acesso do público para com a obra do artista é encarado como um ponto
negativo. Infelizmente vivemos uma época em que as tecnologias de informação e
mercado não chegam para todos, como também a educação e conhecimento
necessários para interpretá-las. Isso prejudica a difusão da arte no meio
social.
A
literatura faz parte da nossa história há séculos, é uma forma de comunicação essencial
e muito bem-vinda. A escrita nos proporciona senso crítico, conhecimento e
viagens incríveis através da imaginação, além de entreter nosso cotidiano e nos
fazer amar. Acho que esses fatores já a tornam bastante positiva.
7 - O que
acredita ser essencial na divulgação de um autor?
Acredito
que é essencial sempre manter a essência, em qualquer forma ou veículo de
divulgação. A genuinidade de um autor é a sua alma. Sem ela, corre-se o risco
de perder sua originalidade e personalidade dentro de um mercado tão grande e
concorrido quanto o da literatura.
8 - O que
tem feito, enquanto autor, para o enriquecimento da literatura nordestina?
Recentemente
criei junto ao meu filho um programa de rádio chamado “Café com Poesia e
Cinema”. Dentro deste, recitamos poesias de minha autoria e citamos autores
regionais sempre que possível, além de inserirmos também uma arte que tanto
amamos, o cinema.
Estivemos
muito empenhados em levar o acervo literário disponível em nossas mãos para o
público que a rádio alcança e fazemos por amor, objetivando a pluralidade
literária, tanto nordestina quanto global. Acredito que estes esforços têm
enriquecido muito a nossa terra e quem nos ouve.
9 - Sugira
um autor e um livro do Nordeste!
Ariano
Suassuna é uma grande inspiração e o admiro muito como autor e pessoa. Poderia
indicar várias obras, mas deixo o “Alto da Compadecida” como sugestão de
leitura.
10 - Qual a
pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?
Talvez a
pergunta que mais gosto que façam a mim, seria a do porquê deixei o ofício
administrativo e um estilo de vida completamente diferente do que vivo hoje
para um mundo novo e distinto, como o da literatura.
Respondo
sempre com uma outra indagação: “Porque não lutarmos por nossos sonhos enquanto
ainda podemos?”
Acompanhe este e outros autores nordestinos neste link
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