Este é o posfácio que FRANCISCO DE PINA QUEIROZ escreveu para o livro Vivências de MARGARIDA CIMBOLINI
Acabámos de ler um
livro de poesia da lavra de Margarida Cimbolini.
Um total de oitenta e
nove poemas, compilados em quatro capítulos (“Alinhavos do Tempo”, Delírios da
Madrugada”, Poesias da Terra” e “Vivências”), escritos por quem à escrita se
dedica tanto desde a sua juventude, e da sua sensibilidade assume uma
feminilidade ora de cariz afectivo / carnal ora da procura consciente do que se
encontra em cima e em tudo – a Universalidade.
Se atendermos a
números, são exactamente doze poemas em cada um dos três primeiros capítulos e cinquenta
e três no último, cujo título também deu nome ao livro: “VIVÊNCIAS”.
Com este livro, temos
acesso a vivências da Margarida, repartidas por vários anos e por várias
necessidades de extravasamento – quer do sentido na realidade, quer do
supostamente sentido se algo tivesse sido ou viesse a ser realidade no tempo, considerado
real, em que as palavras preencheram o vazio de uma folha de papel ou de um écran
de computador.
Não obstante esta
verdade em quem se liberta pela escrita poética, urge salientar o desnudamento
constante da Margarida Cimbolini, em todas as áreas por que ramais foram
criados pela sua impossibilidade de permanecer indiferente aos corpos, ao seu
corpo, aos afectos, ao meio físico envolvente sem limite algum.
E isto tudo sob a
auréola do Amor, obriga-nos a lembrar a frase de Fiama Hasse Pais Brandão: “O
amor é o olhar total”.
Em cada palavra, em
cada verso, Margarida Cimbolini espraia-se pela entrega inequívoca a uma
simbiose bem aquilatada por nós, leitores: o Amor pelo Amor e o Amor à Poesia
(o amor às próprias palavras).
Sem proveniência de um
acto voluntário da Margarida-Poeta, a palavra “mar” e os termos a ele
relacionados – climatéricos, náuticos, profissionais e zoológicos – proliferam
com um assentimento preciso e oportuno, e não por recurso.
Com o mar ou sem o mar,
a autora, de tanto amar e/ou querer amar, deixa transparecer, por vezes, a sua
noção de vivência externa e da sua pequenez face à grandiosidade e ao fascínio do
Universo.
Deslisando pelas
palavras escritas – ao sabor do vento ou contra ele, com a inspiração da Lua ou
sem o seu brilho de prata – e colocando-as nas posições convenientes para a
intenção a transmitir, a Margarida proporciona-nos a descoberta (a dádiva
poética) de prosopopeias, paradoxos, metonímias e paralelismos.
As exclamações fogem ao
número tão vulgarizado, agora, em poemas de frequentadores de Noites / Serões/
Tardes e Tertúlias de Poesia (em que a autora também participa).
As reticências, na sua
grande maioria, convidam-nos a reflectir sobre hesitações e dúvidas. Estas bem
arredadas de qualquer timidez por parte da autora.
Depois das cinquenta
CARTAS DE AMOR – editadas por Carlos Margarido – pegámos nas VIVÊNCIAS –
editadas por “in-Finita” – e chegados ao termo da sua leitura, sentimo-nos
destinatários de uma correspondência emitida pela Margarida Cimbolini – Amiga e
Poeta – pela qual a sua vida transparece como “Alinhavos do Tempo” em que não
são negados “Delírios da Madrugada” e saem reforçadas as “Poesias da Terra”.
Um conjunto de
VIVÊNCIAS colocadas à nossa disposição pelo Amor à Poesia e pelo Amor a tudo, à
manifestação mais ínfima ao nosso alcance (seja por que sentido percepcionável).
Cumprida a tarefa
derivada do convite honroso dirigido, há muito tempo, pela Margarida Cimbolini,
resta-me agradecer-lhe a confiança e à Editora In-Finita (na pessoa de João
Dordio) agradecer a boa vontade.
Convido todos os que
chegaram aqui a fazerem como eu: a reler esta obra e a torná-la oferta de
aniversário e/ou de quadras festivas.
Lisboa
(Residência do Lumiar) 13 de Junho de 2018
Francisco
de Pina Queiroz
Os interessados em adquirir o livro devem contactar a autora através deste link
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