sexta-feira, 13 de julho de 2018

DEZ PERGUNTAS A... GEORGINA CAÇADOR


Agradecemos à autora GEORGINA CAÇADOR a disponibilidade em responder ao nosso questionário

1- Como se define enquanto autora e pessoa?

Enquanto pessoa sou reservada nos meus sentimentos e aberta às pessoas até certo ponto. Tenho uma fronteira bem definida para mim e em relação aos outros e ao mundo. Não a ultrapasso, não a deixo ultrapassar. Na parte de mim que é autora, não tenho fronteiras. Escrever é a liberdade total de mim.

2 - O que a inspira?

Tudo me pode inspirar, desde uma música, um pensamento, um cheiro… A inspiração chega de algo em determinado momento e o lápis e o papel têm que estar sempre disponíveis, porque o momento é aquele. Depois já passou.

3 - Existem tabus na sua escrita. Porquê?

Não escrevo asneiras. Agridem-me. Em tudo o que escrevi fi-lo apenas uma vez. Escrevi um palavrão em “Ecos da Charneca”, porque fazia sentido em toda a trama da história. Não penso voltar a fazê-lo. Escrever tem que estar em harmonia com tudo o que sinto, faço e penso. Para mim, a asneira existe para o momento de total insensatez. Aí deve ser dita com força e peso para valer pelo palavrão que é. Assim sendo, eu a escreverei no decorrer da minha escrita em que exista um momento destes.

4 - Que importância dá às antologias e colectâneas?

Dou bastante importância. Vivem-se tempos estranhos e nem sempre quem melhor escreve é o mais lido. As antologias dão um bom registo do que se está a escrever neste tempo. No futuro quem quiser perceber o que se escreveu neste tempo e quiser saber quem o fez irá procurar nas antologias. Porque é difícil editar, mas em conjunto podemos todos fazê-lo. É como fazer uma reunião de festa. Nelas se encontra o bom e o mau. O trigo e o joio, pronto a ser separado e lido, apreciado, estudado. Muitos somos mais fortes.

5 - Que impacto têm as redes sociais no seu percurso?

Têm todo o que eu consigo dar-lhe. Através das redes sociais, eu criei amizades e publiquei o meu trabalho. Dei-o a conhecer em Portugal, no Brasil, em Angola, Moçambique, Galiza, França, Cabo Verde. Sei pelo menos de uma pessoa em Nova Iorque lê o que escrevo. É bom. Faço um trabalho honesto e verdadeiro e sei que sou reconhecida por isso. Podem ser poucos mas já me entenderam. Todos sabem que eu não poupo palavras. Umas vezes bonitas outras nem por isso. Sabem que faço nas redes sociais aquilo que sou, sem falsidade. O que eu vou escrevendo, penso que agradece.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

Quem escreve tem que ser assertivo consigo mesmo e aberto ao mundo. Mas esta é a minha opinião e vale o que vale. Quem escreve não deve reivindicar para si um subsídio á cultura, nem colocar a sua escrita ao serviço de um partido. O seu compromisso tem que ser consigo e as suas ideias. Com o mundo que o rodeia, mesmo que esse mundo só chegue ao final da rua. Tem que ser mais que um simples simpatizante ou afiliado desta ou daquela ideologia. É fácil ultrapassar a fronteira do que queremos escrever e de termos que escrever o que vai pagar o livro que temos lá em casa, para publicar por uns 10 anos ou mais. Existe quem escreve e se vista, fale e se mostre como um personagem. Como se dizer:” Sou escritor” fosse uma verdade incontestável. Uma certa vaidade de fazer por ser e nem sempre é assim. Todos têm o seu valor, todos fazem parte do processo de apurar o brilho, mas é forçado. É negativo. Como é negativo ser brilhante e anular-se a um nome pomposo para poder viver da escrita, porque isso também existe. A parte boa é ser um prazer. Escrever é bom é bonito é irreverente. Quem escreve o que sente e pensa verdadeiramente, irrita muitas vezes. Não porque condene, mas porque faz pensar. Nada é pior para o poder instituído que mente pensantes em vez de obedientes.

7 - O que acredita ser essencial na divulgação de um autor?

Associativismo e feiras do livro. Não para editoras, mas para autores. Programas de rádio, revistas. Os jornais de fim-de-semana podiam ter uma secção só para iniciantes. Não falo da minha idade. Mas jovem que andam por aí a escrever muito bem. Já tive contacto com alguns e penso que devem ter mais oportunidade que apenas os trabalhos da disciplina de português. Alguns podem ir muito mais longe e ganhar asas. Os programas de rádio deviam ter mais abertura aos livros porque não exitem livros em braille. Ouvir pode muito bem ser ler.

8 - Quais os projectos  para o futuro?

Gostaria de fazer uma publicação por ano. Tenho de momento matéria para isso. Mas percebo que é uma meta arrojada. Por agora e até final de 2019 vou estar a trabalhar o que já editei. Depois verei qual o projecto que avança. Vou continuar a escrever. A pintar, a costurar na medida do que ainda posso. E declamar a minha poesia. Adoro fazê-lo.

9 - Sugira um livro e um autor.

O Delfim de José Cardoso Pires. A personagem do cauteleiro descrita por este escritor, foi dos momentos mais prazerosos que tive enquanto leitor.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

A minha curiosidade é ilimitada. Como tal faço sempre muitas perguntas em todos os momentos em que vivo e sou chata. Gosto de satisfazer a minha curiosidade. Mas neste contexto tenho que responder que não faço a menor ideia. Nem o que perguntar nem o que responder.

Acompanhem, curtam e divulguem esta e outros autores através deste link

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