Quando
vamos namorar?
Só quem enfrentou o trânsito de uma capital é
capaz de desenhar como é uma quarta-feira chuvosa às 18:00h.
É um calor
insuportável, um barulho de buzinas ensurdecedor, uma demora interminável para
chegar em casa. Na frente, dos lados, atrás...
são carros de todos os tamanhos, de todas as cores e uma sensação de
impotência que consome cada pedaço do seu corpo, da sua alma. É gente
passando, ambulantes vendendo tudo que você consegue imaginar, bicicletas
circulando e motoqueiros tirando ‘um fino’ do seu retrovisor.
Como há sempre o lado
bom da vida, pelo menos dizem os livros de autoajuda, no banco do passageiro,
há alguém por quem nutro um profundo carinho e admiração, alguém por quem você
comete a loucura de sair de onde você está, seu ambiente de trabalho, percorrer
30km e retornar sabe para onde? Acertou quem disse para o mesmo lugar que você
estava, pois uma palestra seria proferida e o palestrante estava ali, ao meu
lado.
No meio daquele
turbilhão de sensações escuto: quando vamos namorar? Foi tão imediata minha
resposta: nós estamos namorando. Namorar é simples: é estar junto, é
compartilhar os problemas, é escutar o outro, é entender os seus sentimentos, é
refletir sobre a vida, é ajudar a pessoa no cotidiano, era exatamente isso que
eu estava fazendo: namorando.
Namorar é, para mim, no
meio de tantos compromissos, aventurar-se pelo meio de uma cidade que não foi
preparada para a chuva simplesmente para ter ao seu lado, mesmo por poucos
minutos, alguém cujos olhos são de um verde intenso, que sua única vontade é
perder-se ali dentro.
Precisei viajar. Uma
semana ausente. Nos falamos todos os dias, lemos poesias, comentamos dos nossos
planos, combinamos programas. Prestes a retornar eu escuto a mesma pergunta:
quando vamos namorar?
Fui repetitiva, na
verdade, acho que sou. Respondi: nós estamos namorando. Mas ele me explicou que
estava me perguntando quando iríamos transar. Finalmente, aprendi o significado
dessa expressão: namorar significa transar... É sempre bom aprender o
significado de novas expressões!
Luciana
Bessa Silva, brasileira, doutoranda em Letras pela mesma instituição (2018). É
professora efetiva do Centro Universitário Leão Sampaio em Juazeiro do
Norte-Ce. É integrante da Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno ocupando a
cadeira nº 1, cuja patrona é a escritora Francisca Júlia da Silva Munster.
Integra, ainda, a Academia de Letras Municipais do Estado do Ceará-ALMECE
ocupando a cadeira nº 66, representando o município de Tabuleiro do Norte. Faz
parte do 5º volume do livro Mulheres do Brasil (2000), da 1ª
Antologia da ALMECE (2000) e da Coletânea da ALMECE (2001).
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