sábado, 12 de maio de 2018

EU FALO DE... PLÁGIO


Regra geral, em assuntos que dão origem a divisão de opiniões, consigo entender a existência de diferentes pontos de vista. Nesses casos, faço questão de compreender os argumentos de ambos os lados e, quando os do outro são mais válidos que os meus, não tenho problema algum em deixar cair a minha opinião, abraçando a ideia que me convenceu. E, até prova em contrário, acredito que este modo de estar e agir é o mais correcto a seguir.

Comecei este texto com a expressão “regra geral” porque, volta e meia, lá surge um tema para o qual não concebo visões distintas e a minha rigidez de pensamento impera. E um desses temas é o plágio. Não consigo aceitar, por mais argumentos que utilizem, por maior erudição que usem, esta conivência que abunda no universo da escrita. Não consigo compreender como muitos autores ficam impávidos e serenos quando confrontados com casos de plágio nítido e flagrante.

É do conhecimento de todos, os que acompanham a minha actividade nas redes sociais, a quantidade de vezes que fui bloqueado/denunciado por apontar o dedo (com provas claras) a alguns plagiadores que circulam entre nós. Se mais razões não existissem, esses “castigos/punições” sofridos são indicadores do quanto esta questão me provoca urticária. Felizmente não sou o único com esta patologia crónica e, por mais represálias que sofra, jamais me calarei nem deixarei de apontar o dedo aos prevaricadores.

No entanto, o facto de ser irredutível nesta matéria, não significa que entre às cegas nas batalhas anti-plágio. Estarei sempre contra a usurpação de textos alheios; estarei sempre na frente de combate, mas apenas se a acusação for devidamente provada e fundamentada.

Faço esta ressalva porque não embarco em actividades de linchamento de massas, só porque alguém gritou: - Olha o lobo!
Eu preciso ver o lobo antes de apontar.

Servem os parágrafos anteriores para dizer que, ao contrário do alarme lançado por uma autora incomodada por ter visto um poema com o mesmo título do seu, se títulos iguais fossem plágio, todos os autores seriam plagiadores da Florbela Espanca (podia dar outros exemplos) porque, num momento ou noutro, já escreveram algo titulado “SER POETA”.

É caso para dizer, tenham cuidado! Se usarem “SOLIDARIEDADE” como título de um texto vosso, provavelmente ouvirão alguém gritar: - Olha o lobo!

Sou contra o plágio, sim! Quero que mais autores o sejam, sim! Mas pelo menos saibam o que isso significa e o que implica, para não estarmos constantemente a dar alertas falsos porque depois, quando houver mesmo lobo, ninguém vai dar atenção ao grito!

MANU DIXIT

4 comentários:

  1. Muito bem poeta. Na verdade não preocupo muito com isso, mas sei que há por aí muitas situações dessas. Conheço alguns poetas e amigas que já foram plagiados por inúmeros, alguns deles pela mesma pessoa, várias vezes, com textos completos. Títulos de poemas, de livros, uma frase que serviu de inspiração, não são plágios e o meu primeiro livro foi "Ser Poeta". Forte abraço.

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  2. Sem dúvida. Já apontei também o dedo a alguns autores; não suporto o plágio. No entanto, de cada vez que o apontei, indiquei o nome do autor, da obra, a data e o número da edição e até o número de página onde o texto-fonte poderia ser encontrado. Concordo que a análise destes casos deve obedecer ao critério da prudência. Muito obrigada pela partilha deste texto.

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