Gosto de escrever! E,
por si só, essa razão explica as minhas crónicas e artigos de opinião. Gosto de
expressar os meus pontos de vista, ideias, conceitos e percepções.
Gosto de escrever! E
este gosto é amplo e generalista. Por isso escrevo (ou tento fazê-lo) de forma
criativa e artística, mas também numa vertente mais didáctica e, até, crítica.
Contudo, ao contrário
do que escrevem alguns “comentaristas” aos meus textos, não o faço com
erudição, menos ainda com pretensões filantrópicas. Não pretendo criar ou fazer
doutrinas para serem seguidas... São apenas “desabafos” de quem gosta de
escrever. Já escrevi, diversas vezes, que as minhas habilitações literárias são
reduzidas e a minha formação académica é demasiado escassa, para esse efeito.
No entanto, e este é o meu maior trunfo argumentativo, tenho um elevado grau de
análise e auto-reflexão que me permitem defender, com coerência e lucidez, as
minhas opiniões.
Tecnicamente, no que a
nomenclaturas e terminologias, da gramática, diz respeito, sou fraquíssimo, mas
esse facto nunca me impediu de conhecer definições e conceitos dos termos, e
saber em que circunstâncias aplicá-los. Resumindo: muitas vezes não sei os
nomes técnicos mas, quase sempre, sei o que significam, para que servem e como
usar. Falta-me a tal erudição, e o conhecimento académico, e a forma como
expresso as minhas ideias é sintoma dessa debilidade.
Seja como for, esta
fraqueza não me impede, nem impedirá, de tecer considerações sobre o que outros
autores escrevem, nomeadamente, a nível criativo.
Como referi, posso não
conhecer os termos técnicos (por vezes até os confundo) mas, por saber
aplicá-los, vejo-me habilitado para esse exercício de análise.
Mas vamos a exemplos
práticos porque assim consigo ser mais explícito e menos erudito:
Tornou-se quase um
chavão dizer: “A minha poesia é uma metáfora da vida”. Esta frase, tantas vezes
escutada, tem beleza poética (não nego), o problema é conseguir entendê-la como
explicação de textos que são tudo menos metáforas da vida, porquanto,
normalmente, os autores que dizem esta frase referem-se a um texto sobre a vida
e, em vez de metáforas, usam muito mais a comparação, adjectivos expressivos e,
sobretudo, a imagem (também figuras de estilo que têm como génese comparar ou
fazer referências comparativas, enquanto a metáfora, por definição, é uma
associação de duas ideias diferentes com algumas semelhanças).
Outro exemplo (e aqui
tive de socorrer-me do meu manual de gramática, porque não sabia o termo
técnico aplicável):
Já escrevi alguns
textos sobre aqueles que escrevem autênticos testamentos, a que dão o nome de
poesia, quando, em boa verdade, trata-se apenas de longos poemas. Desta vez não
farei o discurso da diferença entre poema e poesia. Centro-me simplesmente numa
ideia que defendo há alguns anos: a escrita poética exige síntese; a prosa
permite perífrase (o tal termo que sempre me faltou).
Apesar de ter uma
afeição maior à poesia minimalista, nunca fui avesso à mais extensa e
discursiva, no entanto, acho que muitos autores exageram na hora de escrever e
estendem o texto para lá daquilo que seria necessário, ou recomendável, como se
o sentido, do que querem transmitir, deixasse de existir por serem práticos e
sintéticos.
Um dos mais recentes
ataques ao meu “eruditismo” e falta de recursos académicos, surgiu num dos meus
últimos textos, a propósito dos inventores de palavras. Em determinado momento,
eu escrevi que as palavras não se inventam do nada porque todas elas devem
conter, em si mesmas, a história morfológica que lhes dá origem. Apareceu logo
um, daqueles doutorados da praxe, a dizer que eu estava a falar do que não
sabia e que as palavras não têm morfologia mas sim etimologia. Confesso que no
imediato senti o peso do meu analfabetismo primário mas, porque sou teimoso e
prefiro errar com fundamento, fui buscar auxilio num instrumento que muito
prezo: um dicionário. E tive uma surpresa...
Então não é que a
etimologia é uma parte da gramática que estuda a origem, a formação e a
evolução das palavras e a morfologia, entre outros atributos, também é parte da
gramática que se ocupa das formas e modificações das palavras? Afinal o meu
analfabetismo primário não é assim tão grande como a erudição que vêem nos meus
textos.
É também por esta razão
que eu gosto de escrever!
MANU DIXIT
Mais que o gosto da escrita, a mesma implica em nós estudo e busca constante por conhecimento, esse que na génese nos impulsiona na persistência e insistência da evolução, já agora da praxe " gostei, é lindo "
ResponderEliminarGrato pela leitura comentada...
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