sábado, 14 de abril de 2018

EU FALO DE... ERUDIÇÃO E ANALFABETISMO




Gosto de escrever! E, por si só, essa razão explica as minhas crónicas e artigos de opinião. Gosto de expressar os meus pontos de vista, ideias, conceitos e percepções.

Gosto de escrever! E este gosto é amplo e generalista. Por isso escrevo (ou tento fazê-lo) de forma criativa e artística, mas também numa vertente mais didáctica e, até, crítica.

Contudo, ao contrário do que escrevem alguns “comentaristas” aos meus textos, não o faço com erudição, menos ainda com pretensões filantrópicas. Não pretendo criar ou fazer doutrinas para serem seguidas... São apenas “desabafos” de quem gosta de escrever. Já escrevi, diversas vezes, que as minhas habilitações literárias são reduzidas e a minha formação académica é demasiado escassa, para esse efeito. No entanto, e este é o meu maior trunfo argumentativo, tenho um elevado grau de análise e auto-reflexão que me permitem defender, com coerência e lucidez, as minhas opiniões.

Tecnicamente, no que a nomenclaturas e terminologias, da gramática, diz respeito, sou fraquíssimo, mas esse facto nunca me impediu de conhecer definições e conceitos dos termos, e saber em que circunstâncias aplicá-los. Resumindo: muitas vezes não sei os nomes técnicos mas, quase sempre, sei o que significam, para que servem e como usar. Falta-me a tal erudição, e o conhecimento académico, e a forma como expresso as minhas ideias é sintoma dessa debilidade.

Seja como for, esta fraqueza não me impede, nem impedirá, de tecer considerações sobre o que outros autores escrevem, nomeadamente, a nível criativo.

Como referi, posso não conhecer os termos técnicos (por vezes até os confundo) mas, por saber aplicá-los, vejo-me habilitado para esse exercício de análise.

Mas vamos a exemplos práticos porque assim consigo ser mais explícito e menos erudito:

Tornou-se quase um chavão dizer: “A minha poesia é uma metáfora da vida”. Esta frase, tantas vezes escutada, tem beleza poética (não nego), o problema é conseguir entendê-la como explicação de textos que são tudo menos metáforas da vida, porquanto, normalmente, os autores que dizem esta frase referem-se a um texto sobre a vida e, em vez de metáforas, usam muito mais a comparação, adjectivos expressivos e, sobretudo, a imagem (também figuras de estilo que têm como génese comparar ou fazer referências comparativas, enquanto a metáfora, por definição, é uma associação de duas ideias diferentes com algumas semelhanças).

Outro exemplo (e aqui tive de socorrer-me do meu manual de gramática, porque não sabia o termo técnico aplicável):

Já escrevi alguns textos sobre aqueles que escrevem autênticos testamentos, a que dão o nome de poesia, quando, em boa verdade, trata-se apenas de longos poemas. Desta vez não farei o discurso da diferença entre poema e poesia. Centro-me simplesmente numa ideia que defendo há alguns anos: a escrita poética exige síntese; a prosa permite perífrase (o tal termo que sempre me faltou).

Apesar de ter uma afeição maior à poesia minimalista, nunca fui avesso à mais extensa e discursiva, no entanto, acho que muitos autores exageram na hora de escrever e estendem o texto para lá daquilo que seria necessário, ou recomendável, como se o sentido, do que querem transmitir, deixasse de existir por serem práticos e sintéticos.

Um dos mais recentes ataques ao meu “eruditismo” e falta de recursos académicos, surgiu num dos meus últimos textos, a propósito dos inventores de palavras. Em determinado momento, eu escrevi que as palavras não se inventam do nada porque todas elas devem conter, em si mesmas, a história morfológica que lhes dá origem. Apareceu logo um, daqueles doutorados da praxe, a dizer que eu estava a falar do que não sabia e que as palavras não têm morfologia mas sim etimologia. Confesso que no imediato senti o peso do meu analfabetismo primário mas, porque sou teimoso e prefiro errar com fundamento, fui buscar auxilio num instrumento que muito prezo: um dicionário. E tive uma surpresa...

Então não é que a etimologia é uma parte da gramática que estuda a origem, a formação e a evolução das palavras e a morfologia, entre outros atributos, também é parte da gramática que se ocupa das formas e modificações das palavras? Afinal o meu analfabetismo primário não é assim tão grande como a erudição que vêem nos meus textos.

É também por esta razão que eu gosto de escrever!

MANU DIXIT

2 comentários:

  1. Mais que o gosto da escrita, a mesma implica em nós estudo e busca constante por conhecimento, esse que na génese nos impulsiona na persistência e insistência da evolução, já agora da praxe " gostei, é lindo "

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