quarta-feira, 28 de março de 2018

FALA AÍ BRASIL... TACIANA VALENÇA (XV)


Matutando menos, maturando mais...
Gente, sinceramente, tenho curtido muito a maturidade, essa meia idade ou seja lá o que for. Sei que o corpo não é mais o mesmo, as ruguinhas começam a aparecer e outras tantas coisinhas próprias do desgaste de uma vida que já me deu tantas alegrias. Mas há uma sabedoria que começa a aflorar, a mesma que nos faz entender que não somos eternos e que muitas coisas que já demos importância perdem completamente o valor.
Chego a questionar a inteligência dita humana, que ao invés de colher os frutos de suas descobertas, brigam, odeiam e promovem guerras, como seres rastejantes na lama d'uma falsa evolução.
Hoje, na hora do apagão, no meio de um trânsito terrível e vendo muitas pessoas correndo na rua para chegar em casa e também agoniadas com a escuridão, fiquei pensando na humanidade.
Aprendi que não adianta se angustiar com as situações, hoje eu fico numa calma que me espanta. É como se alguém tivesse trocado de canal, então, imediatamente passo a acompanhar o novo filme.
Chegar em casa, tomar um bom banho, acender velas, ouvir uma música no celular e curtir uma conversa com os filhos.
Viva a falta de luz!
Estava sem telefone e sem internet também. Imaginei que deveria ser obrigatório um apagão em todas as casas, pelo menos durante duas horas. Hoje em dia seria como uma meditação. Viver sem interferência nenhuma, curtir o contato olhos nos olhos, o silêncio e a brisa que caminha pela casa quando a deixam passar, ouvir frases inusitadas dos filhos.
E antes que a turma do contra me reprima, falei: obrigatório apagão "em casa" e por duas horas. Mas também não estou nem aí para reprimendas, pois me acostumei a ouvir todos os tipos de comentários, dando importância aos que merecem ser analisados e deletando os que costumam viajar na maionese.
É, essa tal maturidade tira culpas, deixa mais leve, faz com que a gente releve muitas coisas e ignore tantas outras, mas faz também com que a gente dê um valor absurdo ao simples, ao verdadeiro, ao abraço gostoso que gosto de dar nas pessoas, na vontade de sentir a alma de cada uma. Graças a Deus são poucas as pessoas que não me despertam essa vontade de estar perto, de interagir, de abraçar, não chega nem aos dedos de uma mão. E isso é incrível, não é?
Muitas vezes me pego rindo dessas pessoas pesadas, que se acham as tais, as donos de todas as verdades, d'uma empáfia de quem engoliu um pombo. Não são nem poeira nesse Universo. Na verdade estamos todos no mesmo barco, uns na ala vip, outros mais embaixo, mas todos indo para o mesmo destino e, dependendo da peneirada, os da ala vip descerão e os outros terão regalias (quem sabe?).
E deu panos para as mangas o tal do apagão. Lembrei das pessoas que tem muito dinheiro e vivem em apartamentos luxuosos, mas não tem saúde e nem felicidade, nem mesmo um amor para dividir seus dias. Esses outros tristes que estão no poder ou mesmo fora dele, mas que cultivam ódio pelas classes mais sofredoras, que são donos de preconceitos de todos os tipos e se acham melhores e por isso vivem botando fogo pelas ventas e esquecendo de sorrir para a vida. Enquanto ruminam e babam raivas, outros, com bem menos posses ou mesmo instrução, vivem felizes em suas casas simples, mas com amigos verdadeiros. Esses que suam a camisa durante toda a semana, satisfeitos com seu trabalho e que se sentem felizes de verdade com suas cervejinhas nos finais de semana, com churrasquinho e samba para relaxar dos dias de labuta.
Parei de matutar, estou maturando a vida, observando as pessoas, estando onde me sinto bem e com quem me sinto bem. Aturando o aturável e me distanciando do que não vale a pena.
Depois disso tudo damos graças a Deus por estarmos em casa e termos uma cama para dormir e um dia inteiro amanhã pela frente para ser feliz e fazer feliz muita gente. Taciana Valença

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