quinta-feira, 29 de março de 2018

DEZ PERGUNTAS A... CASSIA CASSITAS


Agradecemos à autora CASSIA CASSITAS a disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Como se define enquanto autor e pessoa?

Sou uma curiosa que adora um bom papo. Vivo cercada de gente e de livros. Fui menina de pé vermelho do norte pioneiro do Paraná, uma região quente e ensolarada muito diferente da Curitiba que me acolheu e aprendi a amar. Lá, adquiri o hábito de ler. Aqui, finquei raízes e palavras para voar pelo mundo.  

2 - O que o inspira?

O que vejo, o que leio, o que vivo. Se algo fisga minha atenção, começo estudar  para poder discutir. E muitas vezes a melhor maneira de discutir é pesquisar, escrever, revisar, repensar. Minhas especializações em tecnologia da informação, didática do ensino superior e filosofia revelam um pouquinho do que os leitores encontram nos meus textos. Há ciborgues, bolhas econômicas, reflexões sociais e muita emoção.
 
3 - Existem tabus na sua escrita? Porquê?

Tenho dificuldade com verdades enclausuradas em “sempre” e “nunca”.  A certeza é reducionista, é o ponto final. Eu escrevo para sacudir as verdades que carregamos dentro de nós, e que de certa forma nos sustentam.  Gosto de pensar que, ao trazer à tona perspectivas diversas, meus livros movimentam ideias. Semeio dúvidas para ampliar as possibilidades do leitor e, quem sabe, levá-lo ao  “talvez”.   

4 - Que importância dá às antologias e colectâneas?

A antologia é uma ótima apresentação de uma comunidade, de um tema, de um movimento sociocultural.  Participar de uma coletânea equivale a se sentar em uma roda de leitura em que todos os leitores escrevem. As ideias circulam, ganham adeptos e contrapontos. Isso é maravilhoso.

5 - Que impacto têm as redes sociais no seu percurso?

Minha primeira publicação, o ensaio Domingo O Jogo ficou várias semanas entre os livros eletrônicos mais vendidos em 2011 no Brasil.  Atribuo esse resultado à divulgação que as redes proporcionam. O romance Fortuna a saga da riqueza na versão em inglês Saga of Wealth conquistou leitores em vários países através das redes e me permitiu lançar o romance Riding antes de sua versão em português O menino que pedalava. Por ser um ambiente em constante transformação, exige atenção e inovação a todo momento. Há muito o que se fazer. Estou sempre experimentando algo novo.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

Escrever é materializar, compartilhar. Quando sopramos palavras ao vento, como saber onde elas chegarão? Somos responsáveis pelas mensagens e pelo uso que fazemos do idioma. O modelo de comunicação escrita que os celulares e as redes sociais nos oferece é uma oportunidade muito positiva para instigarmos as pessoas a saberem mais sobre as coisas. Por outro lado, ao desprezar os recursos que a língua nos proporciona e subestimar o alcance do que se escreve podemos chegar ao resultado oposto: tornar a leitura insossa e afastar de vez potenciais leitores.
     
7 - O que acredita ser essencial na divulgação de um autor?

A proximidade com seu público. Onde estão os leitores de literatura? Qual a rede social dos economistas? Quem está interessado em HQ’s? As ações de divulgação devem levar em consideração questões como estas. As obras norteiam a trajetória, mas o trabalho de um autor deve ir além de uma lista de títulos publicados. O leitor gosta da proximidade.  

8 - Quais os projectos para o futuro?

Estou iniciando um curso de mestrado em cinema, o que deve me manter bastante ocupada nos próximos dois anos. Estou terminando meu próximo romance, e ainda este ano publicarei uma peça de teatro, uma obra em francês, e um livro de contos.  

9 - Sugira um autor e um livro!

Os Miseráveis, de Victor Hugo, sempre. Das minhas leituras recentes, A sociedade dos sonhadores involuntários de João Eduardo Agualusa.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Gostaria que me perguntassem: “Quer publicar seus textos no meu país?”. Minha resposta seria: “Sim, com prazer!”.

Acompanhem, curtam e divulguem esta e outros autores através deste link

1 comentário:

  1. Li com interesse a sua entrevista e gosteis de saber que tem uma relação muito estreita com a literatura que trata com muita deferência, como sendo a razão do seu viver, com que me identifico plenamente.

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