sábado, 24 de fevereiro de 2018

FALA AÍ BRASIL... CRISTINA LEBRE (V)

VÍRGULAS, ACENTOS, PONTOS: CADA QUAL EM SEU LUGAR!

Há tempos penso em montar esta página, não somente para divulgar meu trabalho como revisora como também, e essencialmente, para chamar a atenção das pessoas sobre o o uso do nosso Português na linguagem escrita. É impressionante a quantidade de erros cometidos pelo brasileiro em geral, independentemente da escolaridade, região em que nasceu ou do segmento social a que pertence. Como revisora há mais de duas décadas, sofro diariamente ao testemunhar o assassinato, com requintes de crueldade, cometido pela população contra a nossa amada língua.
Vírgulas, pontos e crases são, literalmente, execrados em vários textos que se lê por aí. Um exemplo clássico é o "perdão, impossível atender agora", quando muita gente troca a vírgula e muda todo o sentido da frase, passando a ser "perdão impossível, atender agora." Não raros também são aqueles parecem nunca ter ouvido falar em vírgula, matando o leitor de falta de ar.
Pontos nem sempre são bem utilizados. Vejo muita gente dividir uma frase com ponto, quando deveria pontuá-la com vírgula. Exemplo: "Serei escolhido para ocupar o cargo. A não ser que eles prefiram uma mulher." Não, gente, por favor, não é assim, não se começa uma oração com a locução "a não ser que". Na verdade a frase não acabou, ela continua, é preciso apenas colocar uma vírgula para poder respirar. Ou então "Estudei muito hoje. Ficando com a vista doendo." NÃÃÃOOOOO!!!! Do mesmo modo, a frase não acabou, só requer uma pausa, ou seja, uma vírgula! Sem falar no quanto é TENEBROSO começar uma sentença com gerúndio. Gerúndio é feio, pessoal, até no meio, que dirá no início de uma frase!
E a crase? Ai, essa parece ser o monstro mais horrível da Língua Portuguesa!!! As pessoas colocam crase onde não tem e não a colocam onde tem. É um verdadeiro martírio revisar um texto de alguém que ama - mas não entende nada de - uma crase. "Obrigado à todos" não existe! Um "a" craseado é a flexão do artigo com a preposição. A regra é simples: em – quase - todos os casos, basta você converter o "a" para o masculino e ver se ele vai se tornar um "ao". Como em "vou à médica", se for para o masculino vira "vou ao médico." Se não vira "ao" no masculino quer dizer que NÃO TEM CRASE!!!!!
Quase perco o controle quando o assunto é o Português e a obediência à (com crase) norma culta na linguagem escrita. Por isso mesmo não vou me alongar mais. Não sou melhor nem pior do que ninguém, apenas uma profissional da área. E, como tal, tenho acessos de inconformismo com a deficiência da maior parte dos 200 milhões de brasileiros quando vão escrever um texto, seja ele a mão (sem crase) ou no computador. Sei que o problema vem da educação de base. E que uma das maiores carências que se apresentam é a de leitura. Por isso vamos ler, pessoal. Se não largam o celular leiam nele mesmo, não somente posts dos amigos, mas literatura também. Faz bem ao cérebro e à cultura. A língua portuguesa agradece. Abraço fraterno a todos!

Cristina Lebre
Jornalista, escritora, revisora de textos acadêmicos e livros, apresentadora de eventos e secretária executiva. Cristina Lebre é autora dos livros "Olhos de Lince" e "Marca D'Água", à venda nas livrarias Gutemberg de Icaraí e São Gonçalo - ou diretamente pelo e-mail lebre.cristina@gmail.com


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