sábado, 25 de novembro de 2017

FALA AÍ BRASIL... JOÃO AYRES (IX)

O livro das intenções e fracassos.
Tragédia número 2
Em relação ao que foi exposto na tragédia número um, diríamos que após o falecimento da adúltera o tal homem foi preso em se tratando de um réu confesso. Ele cumpriria pena de vinte anos e sabe-se que cumpriu apenas doze por bom comportamento, evoluindo para o regime que permitia sair de manhã da prisão ou penitenciária e retornar à noite para dormir evidentemente.
Ele andava então feliz pelas ruas de sua cidade e não sentia arrependimento algum por haver matado a tal adúltera. Havia dentro de sua concepção retrógrada de mundo entendido que sua honra manchada deveria ser lavada com sangue, no caso em questão, com arsênico.
Ele repentinamente esbarra num indivíduo ou num senhor que o olha bem fundo nos olhos e pergunta a ele se não o reconhece. O assassino meneia a cabeça sugerindo que não e o tal senhor diz que ele é o pai da filha que partiu deste mundo.
O assassino da adúltera tenta se esquivar do tal senhor, mas ele agarra seu braço de forma incisiva e diz que enquanto ele viver vai perseguir o referido haja o que houver.
O assassino da adúltera não diz uma palavra e retira o braço do pai da adúltera do seu e segue em frente como se nada houvesse acontecido.
Ele percebe que está sendo seguido pelo pai da adúltera e tenta desvencilhar-se do mesmo entrando e saindo de becos e ruelas escuras.
Ele percebe que despistou no verbo despistar o velho.
Ele que tem a firme intenção de mudar de ares quando do cumprimento total de sua pena. Ele que nunca manteve uma relação saudável com o pai da adúltera. Ele que não conheceu a mãe da adúltera, pois que esta havia falecido de câncer linfático muito cedo.
Ele que dormia e acordava no ventre da palavra adultério.
Ele que toda vez que ia a qualquer lugar lembrava-se daquela mulher que o havia traído no verbo trair. Ele que sempre sonhava com a figura de Judas Iscariotes.
Ele que nunca gostou do verbo enforcar em primeira conjugação ar.

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