quinta-feira, 23 de novembro de 2017

AOS OLHOS DE PAULA OZ... MARIETE LISBOA GUERRA (I)

Agradeço à autora e amiga Mariete, o privilégio que me concedeu na altura, de ser a primeira a ler o seu livro de poesia intitulado “Lótus Jasmim lado a lado”

É uma honra que não mereço, faltam-me qualidades para tanto, para além do embrião que nos une, há a admiração, cumplicidade e amizade que pela autora nutro, pois – e como ela o bem sabe - sou toda feita de sentimentos que me impedem a distância de uma apreciação impessoal.

Gosto de todas as manifestações de arte. A poesia acima de todas, pois é certamente na poesia que todas elas devem existir. É a que mais me fascina, e constitui a alma da própria arte.

O artista tem de ser essencial, fundamentalmente poeta. Se não o for, não terá possibilidade de “pintar” uma obra sentida, uma obra emocionante, como a sua. Precisa de atingir simultaneamente a beleza formal que nos deslumbra e encanta e o conteúdo sublime do puro sentimento que perdura cá dentro. Mariete Lisboa Guerra atingiu essa meta – Neste e na outra obra “Um dia Houve Poesia” que falarei mais adiante -
Faltando-lhe a essência poética, como poderá o poeta ser verdadeiramente poeta?

Sim, porque tenho lido muitos poemas sem poesia ou poesia sem voz. Naturalmente que o simples dom escrever não é um todo, é preciso que viva a emoção extra que nos comove a cada estrofe. Mariete Lisboa Guerra guia-nos por palavras ao sorriso e à lágrima, transmite-nos a serenidade e o assombro, num curto espaço de poemas bem conseguidos. É a POESIA em harmonia com a POETA.

Há uma constante harmonia e amor nas suas palavras – tão natural, pura e espontânea – que o desejo da entrega é absoluto e humildemente, entrego-me no berço das suas mãos, procurando o abraço da poesia.

Por este motivo, sintamos profundamente a genuína poesia, este fluído misterioso e metafórico, perfumado de amor, memórias, onde a MULHER e a CRIANÇA vivem em cada página. Sintamos o embrião numa linha invisível que toca todos os poemas deste livro. Eu lanço o apelo: Não pensem antes de o lerem, não pensem enquanto o lêem. Não pensem de todo.

Se existe obra onde o “artista” está inteiramente presente, esta é uma delas. Sintam-na!
Aqui descobrimos Mariete Lisboa Guerra como ela é de facto: uma poetisa genuína, um coração GRANDE.

Sintam e respirem a sinceridade transparente, o vislumbre da generosidade, a áurea da piedade, a ânsia de justiça, a revolta contra a crueza dos homens e do próprio destino, o desejo de atingir a perfeição na vida, a recordação, a viagem da alma, do corpo e do espírito.

Quase todos os seus poemas expressam esse drama íntimo, tão pungente para a sua sensibilidade poética. Mas o mais comovente nos seus poemas, é que transcende a sua própria dor, fazendo sua a dor alheia. A sua dolorosa experiência levou-me, e muito certamente levará a todos que leiam esta maravilhosa escritora, a compreender e a sentir até as mais trágicas minúcias da desventura sombria do amor e dos sentidos.

Mesmo quando parece falar somente de si, reflecte as inquietudes e angústias espirituais destes nossos tempos. A obra “Lótus Jasmim lado a lado” é o autêntico microfone do êxito ecoando nos ouvidos mais desatentos. Mariete Lisboa Guerra é a poetisa das horas recolhidas, que ouve o que escreve e que sonha inclusive em poesia. E que orgulho sinto por estar ao seu lado nesse percurso, ontem, hoje e sempre.

A obra “Lótus Jasmim lado a lado” é para ler em sossego, numa comunhão de sentimentos que o diário da vida raramente o permite, mas, que de tão belo, assim o exige, e todos os bravos que o descubram, chorarão lágrimas de reconhecimento pela preciosidade de nele se descobrirem. Deposito todas as minhas crenças nas suas palavras.

Parafraseando Alberto Caeiro
A mim este sol, estes prados, estas flores contentam-me.
(Heterónimo de Fernando Pessoa)

Para a obra
Lótus Jasmim lado a lado”


Mariete Lisboa Guerra



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