Por ocasião da etapa de Lisboa do recente IV Encontro
de Poetas de Língua Portuguesa, apresentei-me ao poeta brasileiro Luiz Otávio
Oliani, cuja obra não me é, de todo, desconhecida, e até se engloba nos padrões
daquilo que considero poesia com cabeça tronco e membros. A troca de palavras,
que mantive com o autor, apesar de curta, permitiu-me conhecer um pouco quem
está por detrás dos versos e, como gentileza gera gentileza, fui brindado com o
seu livro A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA, e foi a minha leitura deste livro que
despoletou a necessidade de escrever este texto.
Ter um conhecimento prévio sobre este autor
permitiu-me direccionar a atenção para aspectos que, em outras circunstâncias,
só me ocuparia em posteriores leituras. Talvez influenciado pelo meu gosto pela
poesia de cariz minimalista, que não minimal, embrenhei-me neste livro, e a
ideia que tinha sobre a concisão dos textos deste autor saiu reforçada.
Com A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA, Luiz Otávio Oliani vem
provar uma vez mais (se é que mais provas são necessárias) que a poesia não
precisa ser extensa e cheia de adornos para alcançar os seus objectivos e
passar, para os leitores, a mensagem pretendida. Os cinquenta textos/fragmentos
que compõem o livro, talvez por se assemelharem a pequenos aforismos (para não
os classificar como tal), estão impregnados, tanto, de mensagens visíveis como
subliminares, porquanto nenhum dos textos está definitivamente encerrado,
deixando aos leitores a capacidade/possibilidade de diferentes interpretações
ou desfechos. Ao longo da leitura, torna-se evidente o cuidado do autor em
limar cada palavra para lhe subtrair o excesso e manter o essencial. E esta
característica, por si só, revela que estamos na presença de um autor que trabalha
as palavras, explorando ao máximo as alternativas que as mesmas oferecem.
Resumindo, e em poucas palavras, A PERSISTÊNCIA DA
MEMÓRIA, é um livro que recomendo sem hesitações.
MANU DIXIT
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