Do autobiográfico
ao social, na obra poética de Bernadete Bruto
Escritora, poeta pernambucana,
Bernadete Bruto, é destaque Nacional
Por Alexandra Vieira de Almeida
Doutora em Literatura Comparada
Falar
de Bernadete Bruto é um alumbramento. Esta pernambucana, natural de Recife é
uma desbravadora e conquistadora de espaços culturais. Navega por lugares muito
especiais, trazendo à tona seu talento em torno da arte. Mistura o universal e
o particular em suas performances como declamadora e poeta, utilizando a
música, a beleza e a profundidade reflexiva nos seus recitais, sem deixar, de
lado, é claro, o aspecto do prazer, da diversão, elementos do caráter lúdico do
literário. Como afirmava o clássico Horácio, a poesia tem de ensinar e
deleitar, unindo o útil ao agradável e isto Bernadete faz belamente. Os
recitais que a autora realiza de forma criativa e original são efetuados no
lugar indicado pela pessoa e/ou empresa interessada.
De
ancestralidade indiana, une o cosmopolita à sua brasilidade inerente ao falar
de nossos variados matizes, refletindo uma característica de nosso modernismo
que utilizava-se da antropofagia cultural, absorvendo o que vinha de fora à
nossa resposta crítica nacional, enriquecendo assim a nossa cultura com vários
elementos, sem ter uma visão unilateral. Esta poeta pernambucana, de origem
indiana, soube absorver este componente, trazendo para suas performances o
brilho do hibridismo entre culturas e forjando uma arte plena de significados
como num leque colorido e multifacetado. Sua maneira de apresentar suas
performances poéticas nos rememora os antigos menestreis e trovadores que
passavam por vários locais para levar uma história muitas vezes adornada. A
poeta se apresenta em vários recitais, versando sobre temas diversos para se
adequar ao público.
É formada em Sociologia, atuando como analista de gestão do Metrô do Recife.
É
membro da União Brasileira dos Escritores – UBE e da Associação dos amigos do
Museu da Cidade do Recife – AMUC. Sua formação universitária se reflete na sua
poesia que aborda a relação entre uma reflexão do eu, com caráter
autobiográfico e existencial, e o elemento cotidiano e social, reunindo uma
poética do drama da vida interior ao viés psicossocial. Sua obra prima pela
simplicidade sem deixar de ter profundidade e deslumbramento para os leitores,
procurando, assim, atingir todas as classes sociais, fazendo de sua relação com
o leitor algo mais democrático. Como a autora mesmo salienta o seu maior
propósito é “falar aos corações” para deixar impressas, em cada ouvinte ou
leitor, mensagens de “alegria, esperança e fé na vida”. A escritora Bernadete
Bruto está também antenada com o tempo atual, pois seus textos podem ser
encontrados em várias páginas da internet e também no seu blog. Além disso, algumas
de suas poesias recitadas podem ser encontradas em vídeos no youtube.
Três livros compõem sua emocionante trajetória literária: Pura
Impressão, Um coração que canta e Querido Diário
Peregrino. Todos os três trabalham com o elemento autobiográfico, sendo que
o terceiro amplia a dimensão do particular para atingir a questões
problemáticas que atingem a sociedade contemporânea, revelando o drama do homem
citadino. Em Pura Impressão, encontramos uma obra dividida em cinco
partes nas quais as poesias são aproximadas por temas. Mostra o percurso de uma
mulher, passando desde a juventude até o amadurecimento da fase adulta,
revelando o caráter introspectivo e profundo ao mostrar na vida atual desta
pessoa uma compreensão mais profunda e abrangente da vida, fazendo-nos lembrar
aqui das reflexões memorialísticas das personagens adultas do grande romancista
Machado de Assis em suas memórias ficcionais. Este livro da poeta por aqui
analisada segue uma ordem cronológica, sorvendo ricamente no gênero lírico
traços da narrativa.
No segundo livro escrito por esta autora extraordinária, Um coração que
canta, temos uma obra singularíssima ao narrar os mais recentes anos da
autora rumo ao seu ideal de ser poeta. A história poetizada é dividida em três
partes que apresentam nomes de canções, também seguindo a linearidade
cronológica. Tal esquema tem um objetivo específico: mostrar os estados de alma
pelos quais a personagem passa no decorrer de sua vida. Mais uma vez, temos
aqui a simbiose entre prosa e poesia, aliando duas formas que se encaixam
perfeitamente pela maestria da autora Bernadete Bruto. Tal livro tem
ilustrações em forma de desenho que se casam lindamente com cada poema
apresentado. O projeto gráfico foi elaborado por Paulo Victor de Melo.
Em
seu mais recente livro, Querido Diário Peregrino, encontramos uma
obra poética que é escrita em forma de diário, sendo que aqui a autora se
estende do interior para fora ao abordar questões que afetam a sociedade. Este
livro foi feito em parceria com o talentoso fotógrafo Wagner Okasaki. Tal união
de talentos tem um propósito: fazer a complementariedade entre texto e imagem,
produzindo uma rede de significados e símbolos de forma magistral.
Em Querido
Diário Peregrino, temos o reflexivo poema “Rio da Cidade” que bebe da fonte
cotidiana e presente para criticar a poluição urbana: Rio/- Água lamacenta
-/Que corta/Enfeia/Minha Cidade//Não sei se sinto mais pena de mim/Ou do rio...
Numa simbiose perfeita entre eu/natureza/mundo, a poeta não sabe se tem pena
dela mesma ou do rio. O caráter psicossocial anteriormente descrito aqui
adquire ares de universalidade, podendo atingir o mundo. Finalizando, podemos
dizer que estamos diante de uma autora criativa, sensível e aberta aos apelos
do eu e do mundo.
Vamos
adquirir o livro da autora Bernadete Bruto!?
Email: bernadete.bruto@gmail.com
Facebook:
Maravilha, Manu. Bernadete é isso tudo aí! Amiga e companheira nessa nossa luta pela arte e cultura!
ResponderEliminarGrato pela interacção, Taciana Valença... Fico aguardando mais participações suas!
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