mana,
estamos sozinhas nas madrugadas
Mana, estamos sozinhas nas madrugadas
puro estanho
Nas tardes de farpas atravessando rios
de intolerância
Somos nós na janela prontas ao salto e a
última lágrima
Estilhaçadas antes do nosso sol
dissolver no ar da beleza
Mana, estamos sozinhas e esquecidas
feito flor no deserto
O estatuto adâmico a voz das encíclicas
as falsas posturas
A desnivelar nossa carne e alma, nos
leva à rebeldia
Veja o rio caudaloso de sangue de todas
que foram mortas
Uma espécie de maldição que se carrega
nas dobraduras
Cada mulher leva em cada vínculo de osso
e carne o sino
Quando ela passa urge que pareça uma
monja e que não soe
Que nada soe que tudo cale que sua alma
estelar se apague
Urge que ninguém perceba o palpitar vivo
em cada poro
– A invisível que atravessa um pátio –
para sair viva
E o rio de sangue de todas que morreram
só por ser – única –
Aumenta à proporção do desgaste de tudo
que é poesia
Mana, estamos sozinhas nas madrugadas
nas noites no deserto
Lembre de não deixar pendências,
escrever teu testamento
Que dás ao teu amor
Bárbara Lia
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escrevi ano passado diante do impacto de tantas mortes de mulheres e
transsexuais, esta coisa que nunca acaba...
é
preciso que se abra um debate sem precedentes que resulte em mudanças
estruturais em uma sociedade que não permite que mulheres andem de táxi,
ônibus, urbe, seja lá o que for... isto é sério, é muito sério... não podemos
ser invisíveis neste mundo, não podemos extrair com pinça nossa beleza,
sensualidade, carisma, é
preciso punição exemplar para os estupradores, não estas penas complacentes que
enojam... duros tempos...
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