Na sequência da minha participação no 2º Festival de
Poesia de Lisboa (organizado pela Helvetia Edições) e tendo em consideração o
acolhimento que as minhas palavras tiveram juntos da plateia, decidi escrever
sobre um dos assuntos que abordei, mas de forma muito sintética, e que merece
uma reflexão mais aprofundada.
Em determinado momento da palestra, quando falava de
benefícios da era digital nas criações poéticas, mencionei a adição de novas
terminologias no léxico e, para aligeirar um pouco, dei o exemplo a palavra upgrade.
Todos nós já lemos em algum momento esta e outras palavras, relacionadas com as
tecnologias, num ou noutro "poema".
Abro aqui um parêntesis para dizer que coloquei a
palavra "poema" entre aspas pela simples razão de mais facilmente
identificar o objecto de análise, porquanto muitos só serão poemas na cabeça de
quem escreve.
Retomando o fio à meada; usei o termo upgrade
como poderia ter usado muitos outros que surgiram com a evolução informática e
tecnológica.
No entanto, apesar da minha tolerância ao modo como
cada um cria os seus textos, e porque o tempo disponível não me permitiu
aprofundar mais este aspecto, sou apologista que, sempre que possível, nós autores,
devemos evitar os inglesismos (e outros ismos). No caso concreto do exemplo
dado, a língua portuguesa tem palavras que podem muito bem ser utilizadas em
detrimento de upgrade... (actualizar, actualização, melhorar,
melhoramento, incrementar, incremento, etc).
Eu acredito, e defendo, que aos autores cabe a tarefa
de enriquecer o seu próprio idioma, mas também acredito que não existe maior
enriquecimento do que evitar estrangeirismos e dar primazia aos termos equiparáveis e já existentes. O enriquecimento não se faz apenas com a adição
de novas palavras ao léxico; o enriquecimento faz-se, sobretudo, com o uso
rigoroso, regular e constante, da riqueza e diversidade já existente na nossa
língua.
MANU DIXIT
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