segunda-feira, 25 de setembro de 2017

FALA AÍ BRASIL... ADRIANA MAYRINCK


Um fato curioso chamou a minha atenção nos últimos dias. Devido ao meu trabalho e a exposição continuada nas redes sociais, resolvi dar um tempo off para descansar e dar atenção a outros aspectos da minha vida... dois dias sem acessar o face, uma amiga perguntou o que aconteceu... essa pelo menos ainda lembrou de enviar um SMS... pois, também deixei de responder ao whatssap. Ou simplesmente esqueceram de mim, como se eu fosse apenas mero personagem virtual. Lembrei que o celular é um telefone e o meu, há tempos deixou de tocar. Somos condicionados a curtidas e comentários e ausentar-se significa ignorar ou dar pouco atenção aqueles habituados a lhe ver diariamente , mesmo que sem uma palavra trocada. E entram em greve, como que se colocado de “castigo pela ausência”, perde-se curtidores , seguidores, e até amigos.

E o mais interessante, como deixei de acompanhar as últimas postagens, me percebi em uma ilha deserta, totalmente desatualizada das conversas, eventos e discussões. O tempo é regido por segundos, as informações são processadas em velocidade quase da luz e não estar presente significa, isolamento total e desencontros.

As novas gerações crescem envolvidas nessa era virtual e mal tiram os olhos da tela, e esqueceram de que relacionamento também se faz olho no olho, e que marcar um encontro além da tela para rir e conversar é um dos melhores momentos do dia.

Cresci e vivi até bem pouco tempo atrás sem celular e muito menos internet, e pelo que lembro, todos se encontravam  e compartilhavam a vida, talvez de uma maneira bem mais reservada, mas acredito, mais saudável.

Nada contra o avanço tecnológico que contribui imensamente para facilitar a vida profissional e pessoal, encurtar distâncias e enriquecer-nos de informações e facilidades diárias. Contribuições e movimentações sociais, ponto agregador e facilitador em diversos aspectos do nosso cotidiano e interação mundial, sem dúvida, hoje, indispensável.

Mas ainda sinto falta do tempo das interações via e-mails e blogues, bem mais restritivos, mas muito mais fáceis de manter-se presente. Gosto de caminhar olhando o que tem ao meu redor, de falar com as pessoas, tocar, sentir o sol e o tempo no seu ritmo... em compasso com a vida que passa e seus acontecimentos menos imediatos, como chegar em casa e ler um jornal , marcar encontros em cafés e conversar percebendo expressões e sinais corporais.

Esse tempo em que passamos a ser uma foto e sessões de postagens, é algo que jamais vou me habituar.


DRIKKA INQUIT

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