Entre muitas
coisas, sobejamente conhecidas pela maioria daqueles que acompanham o que
escrevo, há uma que me tem fascinado ultimamente, embora não seja recente, e
não creio que venha a ser alterada, uma vez que está umbilicalmente ligada à
incoerência comportamental dos autores, e não só.
Baseando-me
apenas na experiência, de quase dez anos a acompanhar eventos literários, estou
cansado de ouvir, e ler, sobre a falta de iniciativas pró-cultura. A bem da
verdade, mesmo eu, em determinada altura, tive a ousadia de proferir esse
género de queixas. No entanto, depois de muito falar e escrever sobre o
assunto, dei conta que afinal essas iniciativas existiam mas acabavam por
morrer com o tempo por falta de aderência daqueles que por elas reclamavam.
Falo em
particular das tertúlias e dos certames de promoção de autores e livros.
Se, sobre as
primeiras, muito tenho escrito e falado, especialmente pelo facto da
generalidade confundir tertúlia com sarau, e por essa via, após a constatação
do que é efectivamente uma tertúlia, deixam de aparecer porque esse género de
eventos não lhes dá o brilho que procuram nem lhes promove o que tentam
impingir, já sobre os certames, custa-me entender as razões que levam os
autores a abdicar deles.
E trago este
assunto à baila, neste momento, porque se aproxima mais uma edição da feira do
Livro de Autor de Vila Franca de Xira e, tendo em consideração o que aconteceu
na anterior (em dois dias, apenas três autores compareceram), não deixa de ser
revelador do quanto, os autores, apenas se limitam a protestar por falta de
apoios e formas de promoverem as suas obras, mas quando lhes surge uma
oportunidade, fingem que não a vêem ou demonstram falta de interesse absoluto.
Eu até gostava
que a afluência neste certame viesse a contradizer e a deitar por terra este
meu texto. Seria um óptimo sinal de que as coisas estariam a mudar. No entanto,
não creio que isso venha a acontecer e tenho pena que os autores não se
apercebam que ao negligenciarem este género de eventos estão, pura e
simplesmente, a fazer com que aquilo, cuja existência tanto reclamam, deixe
mesmo de existir.
MANU DIXIT
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