quinta-feira, 28 de setembro de 2017

EU FALO DE... NEGLIGÊNCIAS

Entre muitas coisas, sobejamente conhecidas pela maioria daqueles que acompanham o que escrevo, há uma que me tem fascinado ultimamente, embora não seja recente, e não creio que venha a ser alterada, uma vez que está umbilicalmente ligada à incoerência comportamental dos autores, e não só.

Baseando-me apenas na experiência, de quase dez anos a acompanhar eventos literários, estou cansado de ouvir, e ler, sobre a falta de iniciativas pró-cultura. A bem da verdade, mesmo eu, em determinada altura, tive a ousadia de proferir esse género de queixas. No entanto, depois de muito falar e escrever sobre o assunto, dei conta que afinal essas iniciativas existiam mas acabavam por morrer com o tempo por falta de aderência daqueles que por elas reclamavam.

Falo em particular das tertúlias e dos certames de promoção de autores e livros.

Se, sobre as primeiras, muito tenho escrito e falado, especialmente pelo facto da generalidade confundir tertúlia com sarau, e por essa via, após a constatação do que é efectivamente uma tertúlia, deixam de aparecer porque esse género de eventos não lhes dá o brilho que procuram nem lhes promove o que tentam impingir, já sobre os certames, custa-me entender as razões que levam os autores a abdicar deles.

E trago este assunto à baila, neste momento, porque se aproxima mais uma edição da feira do Livro de Autor de Vila Franca de Xira e, tendo em consideração o que aconteceu na anterior (em dois dias, apenas três autores compareceram), não deixa de ser revelador do quanto, os autores, apenas se limitam a protestar por falta de apoios e formas de promoverem as suas obras, mas quando lhes surge uma oportunidade, fingem que não a vêem ou demonstram falta de interesse absoluto.

Eu até gostava que a afluência neste certame viesse a contradizer e a deitar por terra este meu texto. Seria um óptimo sinal de que as coisas estariam a mudar. No entanto, não creio que isso venha a acontecer e tenho pena que os autores não se apercebam que ao negligenciarem este género de eventos estão, pura e simplesmente, a fazer com que aquilo, cuja existência tanto reclamam, deixe mesmo de existir.

MANU DIXIT

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